Comemora-se nesta quarta-feira (12) o Dia Nacional do Mar, e neste momento, as baleias se encontram no litoral brasileiro para mais uma temporada de reprodução e amamentação dos filhotes. Todos os anos, os mamíferos saem da Antártica, chegam em julho, e os últimos ficam até a primeira quinzena de novembro.
Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, a bióloga Karina Groch, diretora de pesquisa do Instituto Australis, explica que o período reprodutivo vai de julho a novembro, mas há anos, como é o caso deste, em que os animais chegam em junho e podem ir embora mais cedo, durante o mês de outubro, por exemplo. “O pico de ocorrência é em setembro, quando temos o maior número de baleias na região. As fêmeas podem ter um filhote por vez e os nascimentos ocorrem desde o início da temporada até setembro”.
O Instituto Australis de Pesquisa e Monitoramento Ambiental é uma entidade civil sem fins lucrativos criada em 2015 com o objetivo de auxiliar na manutenção das atividades do Programa de Pesquisa e Conservação da Baleia Franca, que existe desde 1982, quando as baleias começaram a retornar para o litoral do Brasil depois da caça.
A atuação é dedicada principalmente à pesquisa científica, monitoramento e proteção da população sobrevivente de baleias-francas, além de trabalhar na formulação de políticas públicas, educação e sensibilização do público para a conservação da espécie. “Para dar continuidade a este trabalho e ampliar a atuação, em 2019 iniciamos a execução de um novo projeto voltado à Pesquisa e Conservação das Baleias-Franca, o Projeto Franca Austral, que conta com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental”, relata a bióloga.
De acordo com ela, na região sul a área de maior ocorrência dos mamíferos fica no litoral centro-sul de Santa Catarina, uma faixa de cerca de 130 km de extensão que vai desde o sul de Florianópolis até Balneário Rincão, protegida pela Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca.
Leia também: Família Real marca coroação do Rei Charles III para maio de 2023
As baleias-franca são animais grandes que podem chegar a 15 metros de comprimento e pesar em torno de 40 toneladas. Em geral, possuem o corpo todo preto e podem apresentar manchas brancas no dorso e no ventre.
Diferente de outras baleias, não possuem nadadeira dorsal, ou seja, tem o dorso todo liso, e apresentam um conjunto de calosidades - camadas de pele - na cabeça, que são colonizados por ciamídeos (popularmente conhecidos como piolhos-de-baleia) e que conferem uma coloração esbranquiçada.
Mas apesar de todos os esforços de conservação, ainda são consideradas ameaçadas de extinção. Entretanto, ainda há esperança, já que apresentam uma taxa de crescimento de 4,8% ao ano.
Porque as baleias vêm até o litoral brasileiro para se reproduzir?
De acordo com a bióloga, o principal objetivo da vinda é encontrar águas quentes e protegidas para o nascimento dos filhotes. As fêmeas chegam grávidas e tem o filhote na região, que funciona como uma espécie de berçário.
Após o nascimento, elas costumam permanecer de dois a três meses para amamentá-los e depois retornar à Antártica, onde se alimentam. Os machos também podem vir à procura de fêmeas receptivas – que não estão com filhote, que já desmamaram e eventualmente vem para o acasalamento.
Leia também: Covid-19: Pelo quarto dia seguido, média móvel de casos fica abaixo de 6 mil
O biólogo Sergio Cipolotti, pesquisador e coordenador das atividades de desenvolvimento de turismo de observação de baleias e equipes de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte compartilha da mesma opinião.
Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, ele relembra o período em que o projeto surgiu, momento em que a espécie estava ameaçada de extinção. “Em 1988 elas estavam ameaçadas, em 2014 saíram da lista e agora estão entre os animais de baixo risco de extinção”.
Criado em 1988, como parte das ações de Implantação do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, e com a missão de estudar e proteger a população remanescente de baleias-jubarte do Brasil, é o principal programa de trabalho do Instituto Baleia Jubarte, instituição não-governamental sem fins lucrativos dedicada à conservação marinha, fundada em 1996. O projeto, que é patrocinado desde 1996 pela Petrobras, trabalha em três frentes: pesquisa, educação e políticas para a conservação.
Além de ser um animal acrobático, poder chegar a 15 metros de comprimento e pesar até 40 toneladas, a jubarte apresenta entre suas características a nadadeira peitoral, que pode medir até cinco metros de comprimento, e é responsável por dar origem ao seu nome científico (Megaptera novaeangliae).
Agora, o cenário populacional da espécie é diferente do que se acompanhou anos atrás e atualmente mais de 20 mil baleias são monitoradas pela equipe no litoral, situação que faz com que o atual desafio seja conseguir acompanhar todos os animais.
“A gente comemora o crescimento populacional, o sucesso da conservação do animal e o fim da caça, mas isso acende uma luz amarela, porque os animais também começam a aparecer em regiões em que as pessoas tem prática de pesca com rede, principalmente na região sul e sudeste do país, além de mais colisões com embarcações. Então tem que haver todo um trabalho de conscientização em levar informação da ocorrência das baleias para o público geral”, pontua o biólogo.
REDES SOCIAIS