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Anualmente, em 1º dezembro, é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids. No Brasil, desde 1980, são registrados cerca de 40 mil novos casos da doença por ano. Dados de 2020, divulgados pelo Ministério da Saúde, revelam que cerca de 10 mil pessoas morreram devido às complicações do vírus HIV. Desde o ano passado, sem apoio do governo federal, as campanhas de conscientização têm diminuído em comparação aos anos 90.

Sobre o tema, a TV Cultura conversa com a Maria Amélia de Sousa Mascena Vera, mestre e doutora em saúde pública, que comenta sobre os novos casos, as campanhas de conscientização e os cortes de verba por parte do governo.

Desde 1980, o país nunca conseguiu acabar com a epidemia causada pelo HIV. Transmitido pelo contato com sangue, sêmen ou fluidos vaginais infectados, a Aids é causada pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) — que sem o tratamento antirretroviral (TARV) torna o organismo, ao longo do tempo, incapaz de lutar contra infecções. O vírus se instala no corpo humano de forma irreversível.

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Apesar de ser uma doença irreversível, hoje em dia uma pessoa considerada soropositiva pode viver normalmente, sem muitos sintomas, através dos medicamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde. "É muito importante o controle social do SUS, a participação da sociedade em várias instâncias, de saberem realmente onde procurar e como se prevenir", diz a especialista, Maria Amélia.

A única forma de prolongar a vida das pessoas infectadas pelo HIV é com o tratamento antirretroviral, pois até o momento não há previsões de cura. Apesar da necessidade e da alta no contágio, nos últimos três anos, houve corte significativo de cerca de 407 milhões de reais nos medicamentos que combatem o vírus. Em 21 de outubro deste ano, ativistas realizaram um ato de protesto contra o desmonte da política de Aids no Brasil e a favor da saúde, da democracia e dos direitos humanos.

“A gente atravessou diversos governos no Brasil. O atual, de fato, foi que mais fez desmonte não só na área da saúde”, diz a doutora Maria Amélia Vera. A manifestação de outubro, liderada pelo Fórum de ONGs/Aids de São Paulo, pelo Movimento Paulistano de Luta Contra Aids (Mopaids), e por outras redes, recebeu apoio da Agência de Notícias da Aids — portal especializado em saúde Pública, Direitos Humanos, HIV e população LGBTQIA+.

O relatório lançado nesta terça-feira (29), pelo Unaids (Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids) revela que a desigualdade social, estigmas e falta de verba emperram o fim da epidemia do vírus, e afasta as pessoas da testagem.

Muitas pessoas que estão infectadas com o HIV não têm nenhum sintoma durante 10 anos ou mais. Por essa razão, a única forma de saber se a pessoa está infectada com o vírus é por meio do teste e, caso a pessoa tenha sido exposta a uma situação de risco, é recomendado solicitá-lo. “De um modo geral, dos 15 países vizinhos, aqui na América Latina, o Brasil é o que mais faz testagem. Apesar da falta de incentivo, homossexuais e homens que fazem sexo com outros homens tendem a se testar”, revela a doutora Maria Amélia Vera.

Dados apontam que 50% das infecções se dão entre homens de 30 a 49 anos. Segundo Boletim Epidemiológico 2021, divulgado pela Coordenadoria de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), foi registrada queda no número de infectados por HIV pelo quinto ano consecutivo na cidade de São Paulo. Em 2021, foram registrados 2.351 novos casos de HIV, 37,5% a menos do que no ano de 2016, quando houve 3.761 registros

Referente ao acesso aos medicamentos que combatem o vírus, a coordenadora do IST/Aids Maria Cristina Abbate, diz que será necessário “expandir o acesso aos serviços de saúde e insumos de prevenção, assim como o tratamento. Isso é essencial para diminuirmos a taxa de transmissão em uma cidade tão grande como a nossa. E estamos observando o resultado desse trabalho ano a ano”, afirma.

A especialista Maria Amélia de Sousa ressalta a importância do acesso público ao tratamento, e também enfatiza que o conhecimento sobre a infecção deve começar desde o colégio. “Temos que entender que os jovens continuarão tendo relações, e a educação sexual é primordial para que essa juventude saiba como se prevenir. É realmente evitar a contaminação, porque aqueles que procuram o tratamento público já estão contaminados, o trabalho precisa também começar de antes, e só desse modo teremos uma ação afirmativa de combate”, finaliza a pesquisadora. 

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