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Reprodução/Instagram @tarzanbarman
Reprodução/Instagram @tarzanbarman

Com a esperança de voltar a andar, e a crença em uma medicina alternativa, o barman e gerente de eventos Francisco Gleydstone organiza uma vaquinha online para o tratamento com células-tronco na Tailândia. Conhecido como "Tarzan" — apelido dado pelos amigos por causa da floresta Gladstone, onde se passa o filme — o empresário sofreu um acidente em maio de 2020, que acarretou na perda total dos movimentos do corpo. 

Com o processo ainda em análise no Brasil, Gleydstone busca, fora do país, uma chance de cura ou redução de dados. "Não sei se vou voltar a andar, mas vou continuar tentando", revela o empresário. 

O debate sobre a liberação da pesquisa com células-tronco embrionárias humanas no Brasil tem importância estratégica para a saúde pública e para o avanço da ciência brasileira. Por uma questão de biossegurança e desenvolvimento tecnológico, o parlamento brasileiro não aprova esse tipo de tratamento. 

As células-tronco são células indiferenciadas, que possuem a função de renovar e reparar os tecidos do corpo possuem a capacidade de se transformarem em qualquer célula, podendo assim, replicarem-se várias vezes, diferentemente de outras células do organismo. Ela pode ser encontrado em células embrionárias e em diversas partes do corpo, como no sangue, na placenta, no cordão umbilical ou na medula óssea. 


O Centro Médico da USC, localizado nos Estados Unidos, anunciou há pouco menos de seis anos, que uma equipe de médicos tornou-se o primeiro a para injetar um tratamento experimental feita a partir de células-tronco (AST-OPC1) na coluna cervical danificada de um homem que tinha sido recentemente paralisado como parte de um multi-center ensaio clínico. O norte-americano Kristopher Boesen teve parte de seus movimentos recuperados. 

O tratamento com células-tronco foi qualificado na época como "terapia avançada de medicina regenerativa" pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos. A denominação é dada a terapias celulares destinadas a tratar doenças que causam risco à vida e que tenham mostrado sinais iniciais de benefício potencial.

O empresário conta que se acidentou depois de subir em um pé de abacate. "Há uns 10 anos, eu moro em um lugar arborizado, e a gente tinha esse costume de colher as frutas para doar para a família e os amigos, porque acabavam estragando. Nesse dia, subi em uma distância de quase 5 metros, e acabei, sem querer, encostando na rede elétrica [...] Lembro dos paramédicos falando para mim e minha esposa 'digam as últimas palavras um para o outro', depois disso foi uma sequência de ajudas e milagres", conta o barman. 

Em 1998, as células-tronco embrionárias humanas foram descobertas e há inúmeros experimentos com animais indicando que são capazes de exercer efeitos terapêuticos. As próprias células-tronco adultas, descobertas na década de 1960, têm seu uso rotineiro restrito ao tratamento de doenças hematológicas (do sangue) pelo transplante de medula óssea ou sangue de cordão umbilical. Suas demais aplicações clínicas, por mais anunciadas que sejam, têm caráter experimental, ou seja, estão em fase de testes.

Nos Estados Unidos a pesquisa é permitida, desde que não realizada com financiamento federal. A Alemanha permite a pesquisa com células-tronco embrionárias criadas antes de 2002.

Com sua rede de amigos, o empresário revela ter conseguido juntar 20 mil reais para o processo. "Essa vaquinha que eu estou fazendo, é porque todo o tratamento vai sair cerca de 230 mil [...] Eu tenho fé e acredito que até o final do ano eu consiga o valor", explica.


"Sinto saudade de tocar no meu próprio rosto, escovar os dentes, fazer minha própria higiene. Coisas simples, que a gente só dá valor quando perde. Mas, um dia desses fui visitar um amigo, que também é colega de trabalho, e ele comentou algo que me emocionou, disse assim: 'Tarzan, eu vejo em você o fio da vida', e acho que essa é minha esperança. Minha esperança é que eu estou vivo, e posso continuar lutando", finaliza.