O atual presidente do Equador, Guillermo Lasso, comunicou na tarde desta quinta-feira (10) que pediu ajuda dos Estados Unidos para investigar o assassinato de Fernando Villavicencio. O candidato à presidência foi morto com três tiros na cabeça na última quarta-feira (9) após sair de um comício em Quito, capital do país.
Em resposta a Lasso, o Departamento Federal de Investigação (FBI), serviço de inteligência e segurança norte-americano, confirmou que auxiliará na análise do crime que alcançou repercussão internacional.
O presidente disse ainda que uma delegação dos EUA deve chegar nas próximas horas ao Equador.
“Solicitei apoio do FBI para a investigação do assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio Valencia. A Agência Federal de Investigação e Inteligência dos EUA aceitou nosso pedido e nas próximas horas uma delegação chegará ao país”, afirmou o chefe de estado pelas redes sociais.
Após confirmada a morte, Lasso decretou estado de exceção, que permite o patrulhamento de militares nas ruas, e frisou que as eleições presidenciais acontecerão no dia 20 de agosto.
Villavicencio era um dos oito candidatos às eleições presidenciais.
De acordo com o Ministério Público, outras nove pessoas ficaram feridas e seis foram presas.
Facção diz ter sido responsável pelo assassinato
Foto: Reprodução/Redes Sociais
Uma facção criminosa equatoriana intitulada “Los Lobos” e considerada a segunda maior do país assumiu o ataque. Em um vídeo que circula nas redes sociais, homens encapuzados e armados ameaçaram outro candidato à presidência do Equador, dizendo que "é isso que acontece com políticos corruptos que não cumprem suas promessas".
Na publicação, o grupo afirma que o ex-candidato teria recebido milhões de dólares deles para financiar sua campanha.
Segundo a rede estatal britânica BBC, cerca de 8 mil pessoas fazem parte do grupo, que é dissidente da facção "Los Cocheros", braço do Cartel de Sinaloa no Equador.
Ataque à democracia
Ainda nesta quinta-feira (10), a União Europeia (UE) condenou o atentado, destacando que o trágico ato de violência é um “ataque às instituições e à democracia do Equador”.
"A UE reitera o seu total empenho em apoiar a democracia equatoriana e em ajudar os esforços para assegurar eleições democráticas pacíficas. Estamos com o Equador na luta contra a violência", disse em nota Josep Borrell, representante da UE para Política Externa.
Leia também: Comerciantes da Santa Ifigênia protestam contra Cracolândia na região central
Quem era Fernando Villavicencio?
Aos 59 anos e autor de dez livros, Fernando Villavicencio era jornalista investigativo e foi responsável por revelar casos de corrupção no país. Em uma de suas publicações, acusou o ex-presidente equatoriano Rafael Correa de crimes contra a humanidade.
A ação lhe causou uma condenação de 18 meses de prisão em 2014 sob a acusação de injúrias. Com a decisão, ele chegou a receber asilo político no Peru e dizia ser perseguido pelo político.
Fernando foi membro da Assembleia Nacional do Equador entre 2021 e 2023. Além disso, se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores, sendo líder sindical.
Leia também: Equador: esposa de candidato assassinado diz que morte ocorreu por erros de segurança
REDES SOCIAIS