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Reprodução/TV Cultura
Reprodução/TV Cultura

O Roda Viva desta segunda-feira (14) entrevista Michael Sandel, professor de filosofia política na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

A jornalista Paula Miraglia cita dados da desigualdade racial no Brasil e diz que os brasileiros, apesar das informações, são fissurados no conceito de ‘meritocracia’. Ela quer saber os motivos dessa pauta ser tão atrativa. Um dos primeiros motivos, segundo ele, é que todos querem que seus filhos se esforcem, tenham sucesso e possam expor seus talentos para o mundo.

“Esforço, recompensa e sucesso são virtudes, até certo ponto. Também queremos que nossos filhos, por que eles tenham sucesso, conservem uma certa humildade, reconheçam as vantagens que têm, os privilégios que podem tê-los ajudando a alcançar o sucesso, e temperem essa sensação de orgulho com humildade”, explica.

Durante a explanação, ele também cita os Estados Unidos e ressalta que a desigualdade é tão grande quanto no Brasil. Porém, a grande diferença foi a criação do mito de que a América era a terra das oportunidades e sempre seria possível ascender socialmente. Mas, reconhece que esse discurso se tornou ultrapassado e a atual sociedade não entrega mais esse tipo de promessa.

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“O mito americano, segundo alguns, da mobilidade para cima, já não descreve exatamente a realidade nos EUA. As sociedades mais iguais da Europa, na verdade, têm mais mobilidade que os EUA. A OCDE fez um estudo sobre a probabilidade de uma criança nascida numa família de baixa renda ascender à classe média. Na Dinamarca, levaria duas gerações, já nos EUA, isso leva, em média, cinco gerações. No Brasil, são nove. Eu concluo que o sonho americano está vivo e passa bem em Copenhague”, afirma.

Para combater essa desigualdade, Sandel diz que o caminho é combater a desiguale estrutural e deixar o discurso de “trabalhe duro, estude e conseguirá subir na vida” para trás.

Assista ao programa completo:

Participam da bancada de entrevistadores Gabriela Prioli, mestre em Direito Penal pela USP e apresentadora do programa Saia Justa, da GNT, Thiago Amparo, professor na Faculdade de Direito da FGV-SP e colunista da Folha de S.Paulo, Paula Miraglia, doutora em Antropologia e diretora-geral do Nexo Jornal e da Revista Gama, Juliana Wallauer, roteirista, apresentadora e co-fundadora da plataforma Mamilos de Diálogo, e Joel Pinheiro, filósofo, economista e colunista da Folha de S.Paulo.

Luciano Veronezi ocupa, de forma permanente, a cadeira eternizada por Paulo Caruso, que esteve no programa por mais de 30 anos e faleceu em março deste ano.

Com apresentação de Vera Magalhães, a edição vai ao ar às 22h, na TV Cultura, app Cultura Play, no site da emissora, YouTube, Tik Tok, Twitter e Facebook.