A Câmara Municipal de São Paulo cassou na noite dessa terça-feira (19) o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por quebra de decoro parlamentar.
O placar foi de 47 votos a favor e cinco abstenções. Ninguém foi contra. A decisão ocorre quase um ano e cinco meses após ele ter um áudio vazado no plenário da Casa e usar uma frase tida como racista. Na ocasião, ele participava de uma sessão da CPI dos Aplicativos de forma remota quando disse: “É coisa de preto”.
A Câmara é formada por 55 vereadores. Nem Cristófaro nem a vereadora Luana Alves (PSOL), que representou a acusação contra o parlamentar, votaram no julgamento. Ely Teruel (Podemos) não compareceu.
Marlon Luz (MDB) foi o relator do caso e deu parecer favorável à cassação do mandato do parlamentar à Corregedoria por avaliar que houve quebra de decoro. A sessão foi conduzida pelo vereador Milton Leite (União).
Luana, em sua fala no momento destinado à acusação, afirmou: "Quando você diz que 'coisa de preto' é uma coisa malfeita, você diz que os brancos fazem melhor que os pretos. Isso é um elemento ideológico do racismo que segue operando na sociedade brasileira. Dizer para o povo que não há problema em falar uma frase racista, é dizer para o povo que as pessoas negras podem ser desrespeitadas".
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Em sua defesa, Cristófaro acusou manifestantes de terem sido pagos para acompanhar a sessão e Luana de fazer política por "luz, câmera, ação", para aparecer na TV. Segundo o político, ela teria dito: "Camilo eu sei que você não é racista, mas você é rico, tem como pagar advogado".
Ele ainda afirmou que, em seu gabinete, 60% dos funcionários são negros e, na Subprefeitura do Ipiranga, de 16 funcionários, 14 são negros, incluindo o subprefeito.
Com a decisão, ele fica inelegível por oito anos a partir de dezembro de 2024, quando se encerra esta Legislatura. Ele é o primeiro vereador cassado na Câmara Municipal em 24 anos desde 1999, época do escândalo que ficou conhecido como Máfia dos Fiscais.
Quem ingressa no lugar dele é o vereador suplente Adriano Santos (PSB), do partido pelo qual Camilo foi eleito, mas foi desfiliado compulsoriamente após a fala vazada em plenário. Santos já tinha tomado posse no ano passado, durante uma curta licença de Eliseu Gabriel (PSB).
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