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Montagem: Pexels e Pixabay
Montagem: Pexels e Pixabay

Após a intensificação do conflito entre Israel e o Hamas, com os ataques do grupo extremista em solo israelense em 7 de outubro do ano passado, cresceram as acusações de antissemitismo por parte do governo de Benjamin Netanyahu e de parcela dos israelenses.

Muito associado ao preconceito contra a comunidade judaica, o termo “antissemita” é composto pela palavra “semita”, povo que, além dos judeus, abrange outros grupos étnico-culturais, como os próprios árabes, por exemplo.


Quem eram os “semitas”?

O termo “semita” tem origem na Bíblia, no livro do Gênesis. Nas escrituras, um dos filhos de Noé é chamado “Sem”, uma versão grega para o nome hebraico “Shem”. No século XVIII, trabalhos da filologia (campo de estudo da linguagem) definiram como “semitas”, os "descendentes de Sem", um determinado povo que possuía características semelhantes, como o idioma falado.

São de origem semita aqueles que falam línguas semitas. Provavelmente esses povos tiveram uma origem em comum, que se disseminou por uma mesma região e que se misturou com outros povos, dando origem aos povos chamados ‘semitas’”, esclarece a professora de história da Ásia do curso de História da UNIFESP, Samira Adel Osman.

A especialista explica que os semitas falavam línguas que pertenciam a um mesmo tronco linguístico, caso dos fenícios (que ocuparam a região que hoje é o Líbano) e caldeus (que ocuparam a região que hoje é o Iraque), além de povos que falavam aramaico, etíope, hebraico e o árabe.

Algumas das principais línguas semíticas faladas hoje são o árabe, o hebraico (caso dos judeus) e o maltês.

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Associação com os judeus e perseguição cultural

Tendo contato com as origens do nascimento do termo "semita" e sua abrangência, uma pergunta pode surgir. Por que a classificação ficou tão associada aos judeus?

De acordo com Samira, algo que pode explicar a associação quase exclusiva está no século XIX. No período, teóricos raciais utilizaram estudos da linguagem do século XVIII para atribuírem uma raça aos judeus, que se tornaram, na visão desses teóricos, “semitas”, mesmo parte considerável deles já não tendo como idioma principal o hebraico.

Nesse momento, o antissemitismo vira sinônimo de antijudaísmo. No século XIX faz todo sentido. Mas o termo ‘semita’ foi sequestrado, e não foram os judeus que fizeram isso. Na verdade, são os outros que vão defini-los como semitas. Eles depois incorporam essa ideia. Não foram os judeus que disseram ‘nós somos semitas’. Foram as teorias raciais do século XIX”, diz a professora.

Vale lembrar que, na Europa do século XV, com a formação das chamadas “monarquias dos reis católicos”, sobretudo em Portugal e Espanha, houve perseguição contra grupos não convertidos ao cristianismo, entre eles, árabes e judeus.

A aversão na Europa contra os judeus e outras comunidades não cristãs continuou até atingir seu pico no século XX, com a Alemanha Nazista e o Holocausto, que tirou a vida de mais de seis milhões de judeus.

O nazismo existiu. O antissemitismo está associado aos judeus, é fato histórico. Agora, a perseguição não foi exclusivamente aos judeus. É sabido que a política nazista de extermínio também visava os ciganos, os homossexuais e deficientes”, completa.

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