Fundação Padre Anchieta

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O Brasil bateu o recorde de mortes por dengue no dia 10 de abril com 1.256 óbitos confirmados, 77 a mais do que foi registrado em todo o ano de 2023, quando houve 1.179. Além disso, de acordo com os dados mais recentes do Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde, 3.062.181 casos prováveis da doença foram computados até o momento.

Com o objetivo de colaborar nas ações de combate, o Método Wolbachia é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com governos locais e o World Mosquito Program (WMP), iniciativa internacional sem fins lucrativos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos.

Sem apresentar qualquer modificação genética, a ação, realizada com financiamento do Ministério da Saúde, consiste na liberação de Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, Zika e Chikungunya se desenvolvam, o que contribui para a redução da transmissão de arboviroses.

Em entrevista ao site da TV Cultura, Diogo Chalegre, biólogo sanitarista e líder de relações Institucionais e Governamentais do WMP Brasil, revela que a bactéria pode ser encontrada no meio ambiente, já que está presente entre 50% e 60% dos insetos, como as borboletas, abelhas e formigas.

“O Aedes aegypti não a tinha, no entanto, os pesquisadores descobriram que ao retirá-la e inseri-la nos mosquitos, ela bloqueia a replicação do vírus da dengue, assim como da Chikungunya e Zika. É como se o mosquito fosse vacinado, digamos assim”, explica.

No método, não há uma nova inserção da bactéria em cada um deles, pois toda fêmea que a tem passa para a próxima geração, tornando o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.

As etapas do projeto são divididas em algumas partes. São elas:

- Mapeamento do território para planejar as atividades que serão realizadas;

- Engajamento comunitário, que pode durar de dois a quatro meses e consiste em conversar com a população e informar sobre a iniciativa que será implementada;

- Liberação dos mosquitos;

- Assistir ao estabelecimento dos wolbitos nos territórios, processo que pode demorar no mínimo oito meses;

- Acompanhar a série histórica de casos em cada região e avaliar o impacto epidemiológico causado pela ação após um certo período.

Como funciona a liberação dos mosquitos?

De acordo com o especialista, o processo pode ser feito tanto com o adulto, que é solto nas ruas, seja por veículo ou a pé, quanto com os ovos dos mosquitos.

No segundo caso, o material é colocado em potes com água que são pendurados em árvores, nos quais os insetos saem ao longo dos dias. Por estar em campo, esse método demora um pouco mais em relação ao outro.

“No caso do adulto saímos do laboratório com os tubos no carro, e se tiver liberação para soltura a pé, os entregamos para os agentes que irão fazer esse trabalho, enquanto nos carros eles também são soltos no mesmo dia durante a rota estabelecida”, esclarece Chalegre.

Onde o método é aplicado?

Atualmente, as equipes atuam no Rio de Janeiro (RJ), em Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE).

Ainda segundo o biólogo sanitarista, no ano passado, o Ministério da Saúde fez um mapeamento de locais dados como prioritários com base em diversos critérios, e com isso, seis foram elencados para receber o método de acordo com a atual capacidade de produção. São eles: Joinville, Londrina, Foz do Iguaçu, Presidente Prudente, Uberlândia e Natal. A expectativa é de que todos recebam a tecnologia nos próximos meses.

Em relação a cidade de São Paulo, que ultrapassou a marca de 150 mil casos de dengue na sexta-feira (12), Chalegre revela que a equipe teve uma reunião com a gestão municipal há algumas semanas, e um interesse na iniciativa foi demonstrado. “Estamos dialogando com o ministério sobre a possibilidade do quanto antes a cidade de São Paulo ser contemplada, no entanto, não há nenhuma previsão definida de quando isso pode acontecer”.

O combate à dengue

A dengue é transmitida pela picada do mosquito, por isso, a melhor forma de evitar a transmissão é combater a proliferação. O uso de repelentes, se possível, também pode ajudar.

“Aonde vamos nós sempre falamos que o método Wolbachia é complementar, assim como qualquer outra ação, porque diversos fatores influenciam em uma alta ou baixa transmissão, então, além da nossa iniciativa, do uso de inseticidas e do trabalho dos agentes, a população tem que fazer a parte dela”, ressalta o especialista.

O Governo do Estado de São Paulo apresenta orientações que devem ser adicionadas ao dia a dia da população:

- Colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira sempre fechada;

- Folhas e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas precisam ser removidos;

- Os pratos dos vasos de plantas devem ser cheios com areia até a borda. A troca deve ser realizada constantemente;

- O vaso de plantas aquáticas deve ser lavado com escova, água e sabão pelo menos uma vez por semana;

- Garrafas e recipientes que acumulam água devem ser sempre virados para baixo;

- Caixas d’água também devem permanecer fechadas e todos os objetos que acumulam água, como embalagens usadas, devem ser jogados no lixo.

Os cidadãos também devem ficar atentos aos principais sintomas da doença, e caso apresentem algum deles, procurar atendimento médico. Entre eles, estão:

- Febre alta;

- Dor no corpo e nas articulações;

- Dor atrás dos olhos;

- Mal-estar;

- Dor de cabeça;

- Manchas vermelhas no corpo;

- Dor abdominal intensa e contínua;

- Vômitos persistentes;

- Acúmulo de líquidos;

- Sangramento de mucosa;

- Irritabilidade.

A campanha vacinal, que no momento é destinada apenas a crianças de 10 a 14 anos, teve início no dia 4 de abril na capital paulista, mas em apenas 11 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de regiões com maior incidência de casos. No entanto, passou a englobar todas as 471 unidades a partir da última quinta-feira (11).

Para ser vacinado, o público infantil precisa estar acompanhado de um responsável, portando documento de identidade, cartão de vacina e comprovante de residência ou escolar. Também não pode ter sido diagnosticado com a doença nos últimos seis meses.