As queimadas que devastaram canaviais no Estado de São Paulo na última semana resultaram em prejuízos estimados em R$350 milhões, afetando mais de 1% das lavouras do maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil.
A informação é da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), que destacou que os incêndios atingiram cerca de 59 mil hectares, incluindo áreas de rebrota e cana pronta para colheita.
Foram registrados mais de 2,1 mil focos de incêndio, com impacto significativo nas regiões de Ribeirão Preto, Piracicaba, Araraquara, Araçatuba, Presidente Prudente e São José do Rio Preto.
Leia também: Chefe da ONU emite alerta pela rápida elevação do nível do Oceano Pacífico
A produtividade nas áreas afetadas caiu drasticamente, com uma redução de até 50%, conforme explicou José Guilherme Nogueira, CEO da Orplana. Essa queda já reflete diretamente nos preços do etanol e do açúcar, além de comprometer a qualidade da cana para o próximo ciclo.
A situação se agravou ao longo da semana, com um recorde de quase 3.500 focos de incêndio em agosto, segundo relatório da XP. As queimadas foram impulsionadas pelo clima seco e quente que persiste no Centro-Sul do Brasil, impactando a segunda metade da safra 2024/2025.
Apesar de as usinas ainda poderem processar a cana queimada, a qualidade do produto tende a diminuir, e a extensão dos danos pode inviabilizar o processamento de toda a matéria-prima.
A Orplana está trabalhando em conjunto com o Gabinete de Crise do governo do Estado de São Paulo para mitigar novos incêndios. O governo montou um posto avançado em Ribeirão Preto para coordenar as ações de combate ao fogo, e a Polícia Civil investiga possíveis casos de incêndio criminoso, com três prisões já efetuadas em São José do Rio Preto, Batatais e Porto Ferreira.
Embora uma frente fria tenha trazido alguma chuva no último domingo (25), aliviando temporariamente a situação, o tempo deve continuar seco e quente nos próximos dias, elevando o risco de novos incêndios.
Em resposta, quase 50 municípios paulistas permanecem em alerta máximo, e cidades como Ribeirão Preto chegaram a suspender as aulas devido à fumaça.
O impacto das queimadas no mercado ainda está sendo avaliado, mas já se espera um viés de alta nos preços do açúcar. A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) informou que colocou à disposição do governo toda a estrutura de combate ao fogo existente nas usinas, enquanto todas as rodovias afetadas pelas fumaças já foram liberadas para o tráfego.
A situação crítica das queimadas em São Paulo levanta preocupações sobre o futuro da safra e possíveis aumentos de preços para o consumidor, com o setor em alerta para os próximos dias.
Leia mais: Cidade de São Paulo registra 5,6ºC, menor temperatura para o mês de agosto desde 1999
REDES SOCIAIS