Fundação Padre Anchieta

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Acervo/Grupo Reinserir
Acervo/Grupo Reinserir

A população mais vulnerável da sociedade brasileira, composta por negros, LGBTs, mulheres e pessoas de baixa renda, presenciam o desemprego, a desigualdade social e a fragilidade de políticas públicas para sua proteção durante a pandemia da Covid-19. Essa situação de opressão, que afeta também a área econômica do país, acaba os colocando em uma escassez de possibilidades de cuidados com a saúde, inclusive com a saúde mental.

De acordo com o IBGE, o Brasil terminou o primeiro semestre de 2020 com aumento no índice de desemprego. Em abril, o Ministério da Economia recebeu cerca de 784 mil pedidos de seguro desemprego, 17% a mais que na mesma época do ano passado. Por conta disso, cidadãos desempregados e de baixa renda tiveram dificuldades em acessar o benefício dado pelo governo.

Negros possuem mais propensão para a doença

Tanto no Brasil como nos Estados Unidos, o epicentro mundial da doença, a população negra apresenta maior vulnerabilidade com o contágio da Covid-19 do que a branca. Outra pesquisa do IBGE, aponta que 75% dos brasileiros que estão em situação de pobreza extrema são pretos ou pardos. Estes, moradores da periferia, vivenciam a desigualdade e precariedade sanitária, necessitando de maior locomoção até os centros urbanos, ficam mais expostos à contaminação da doença. Segundo a psicóloga Natália Silva, “o racismo estrutural os colocam em empregos mais precários, do qual não possuem o direito de permanecer em isolamento e tem que se colocar em risco para poder trabalhar. Isto somado a violência policial, geram um sentimento de desespero e medo constante.”


Dentro de casa, mulheres e LGBTQI+ sofrem com a quarentena durante pandemia

Na quarentena, mulheres e a sociedade LGBTQI+ enfrentam outros problemas dentro de casa. A violência contra a mulher cresceu drasticamente desde o início da pandemia. O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMDH) divulgou que denúncias cresceram em 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Ressaltando que muitas denúncias não são feitas porque o agressor está no mesmo ambiente que a vítima.

Em abril, um estudo realizado com dez mil pessoas pela Unicamp e pela Universidade Federal de Minas Gerais, junto com o coletivo #voteLGBT, aponta que a comunidade LGBT possui mais vulnerabilidade ao desemprego e à problemas no convívio familiar. Cerca de 28% dos entrevistados foram previamente diagnosticados com depressão. “Para o público LGBT, por exemplo, a convivência com a família quando não são aceitos é algo que tem atingido a saúde mental de forma intensa”, diz Natália.

Diante das inúmeras dificuldades enfrentadas por esses grupos, ainda há o isolamento social que alterou a rotina de todos. O consumo excessivo de notícias e da internet pode causar aumento da ansiedade. Segundo a OMS, “O repentino e quase constante fluxo de notícias sobre um surto pode deixar qualquer pessoa preocupada”. Por isso, é aconselhável a ajuda de um profissional de saúde mental para que as dificuldades diárias, mais o acúmulo de preocupações advindas deste momento não sobrecarregue o indivíduo.

Psicólogos prestam suporte on-line

Natália Silva também é fundadora do Grupo Reinserir, composto por uma equipe de psicólogos que prestam atendimento acessível, na pandemia buscaram se adaptar nas plataformas on-line para continuar dando suporte para os pacientes, em sua maioria composta por LGBTs, negros, mulheres e pessoas de baixa renda. Para ela, “a opressão para esses públicos é parte da estrutura de nossa sociedade, que causa um sofrimento intenso a estas populações. Em tempos de pandemia existe uma intensificação por conta do isolamento ou impossibilidade dele.”

Depressão, ansiedade, ataques de pânico, insônia, são alguns dos problemas que se agravaram e ficaram mais expostos neste momento. A necessidade de um acompanhamento psicológico vira luxo diante da condição financeira. “Esse público vive em condições de opressão e com isto muitos de seus direitos são negados pela sociedade, entre eles, o direito a serviços de saúde mental que oferecem atendimentos acessíveis, humanizados e que considerem as devidas particularidades: classe, raça, gênero, sexualidade a fim de acolher, considerar e validar o sofrimento advindo da sociedade”, afirma Natália, ressaltando a importância de um atendimento psicológico acessível.

Visto isso, nasceu o Grupo Reinserir, que “tem como objetivo promover qualidade de vida, bem-estar e autonomia a estas populações e tem como compromisso ético e social lutar por um mundo mais digno e igualitário para todos”, diz Natália. Além do mais, durante a pandemia, os psicólogos do Reinserir estão atendendo por vídeo chamada ou ligação telefônica para não interromper o tratamento com os pacientes antigos e poder dar suporte para os pacientes novos.

“A terapia é importante em qualquer situação vivenciada, mas com a situação atual, ao ter o olhar de um profissional, a chance para poder reconhecer novas possibilidades e pensar novos caminhos é maior, possibilitando uma diminuição em sentimentos como a tristeza e angústia, comuns em uma conjuntura como esta”, a psicóloga ainda diz haver outros meios de cuidados com a saúde mental, como reduzir o uso das redes sociais, fazer atividades manuais e/ou físicas e buscar a rede de apoio como amigos e familiares através de encontros virtuais.


O Grupo Reinserir fica na Rua Barão de Itapetininga, número 273, 9º andar, sala C - São Paulo/SP, é possível entrar em contato via e e-mail contato@gruporeinserir.com.br ou pelas redes sociais facebook e instagram.