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Daryan Dornelles
Daryan Dornelles

Dona de um tom de voz grave e rouco, Elza Soares acumula diversos prêmios a partir de suas músicas que embalam temáticas românticas, de preconceito racial e feminismo. Nesta terça-feira (23), a artista completa seus 90 anos.

Em seu perfil oficial no Instagram, Elza agradeceu por mais um ano de vida e ainda comentou sobre a sua data de nascimento: "Reza a lenda que eu faço aniversário duas vezes no ano. Reza a lenda e rezo eu pra agradecer por tanta vida. Pra quem passou pelo que eu passei, celebrar durante um mês inteiro é pouco.É em 23 de junho ou 22 de julho? Não importa. Eu comemoro as duas datas e nesse ano será o mês todo".

No post, a cantora comemora: "Sou menina, filha do século 21 e mulher feita, tenho a idade de Nefertith. Vou vivendo, me reinventando e vivendo nos últimos anos, os melhores dias da minha vida".

Outros artistas brasileiros como Regina Casé, Teresa Cristina, Tuca Andrada e Evandro Mesquita também fizeram homenagens à cantora em suas redes sociais.

A cantora Pitty ainda fará uma live especial em homenagem à Elza, às 20h, em seu canal na Twitch. O encontro conta com as participações do apresentador Zeca Camargo e da cantora Larissa Luz.

Para além destas comemorações, o lambe-lambe com a foto da cantora colado no prédio na Rua da Consolação, no Centro de São Paulo, intitulado de "Deus é Mulher", receberá uma intervenção com fumaça colorida, celebrando a diversidade e a democracia, temas tão importantes na vida da cantora e que fazem parte de suas letras há décadas.

Foto: Frâncio de Holanda

Trajetória

Elza nasceu na favela da Moça Bonita, atualmente Vila Vintém, no Rio de Janeiro. Ainda pequena, se mudou para um cortiço no bairro da Água Santa, onde passou a infância.

Aos 11 anos de idade, foi obrigada pelo pai a abandonar os estudos e se casar com Lourdes Antônio Soares, amigo de seu pai, um casamento que trouxe muitos traumas gerados pela violência doméstica e sexual a qual ela era submetida. Foi aos 12 anos que Elza deu à luz ao seu primeiro filho.

Aos 21, ficou viúva. Perante as dificuldades que passava com a morte do marido, que sustentava a casa, e tendo mais quatro filhos para criar, Elza se viu sem expectativa de vida. Neste período, ela já havia perdido dois filhos recém nascidos pela desnutrição e uma filha havia sido sequestrada um ano antes.

Muito elogiada pelos amigos e parentes pela sua voz, ela resolveu apostar no seu talento vocal e se inscreveu no concurso musical do programa de rádio "Calouros em Desfile" em 1953, que era apresentado pelo compositor Ary Barroso. Se apresentou usando um vestido da mãe ajustado com alfinetes de fralda.

Foi recebida pelo auditório com gargalhadas. Ary perguntou: “De que planeta você veio, minha filha?”. Ela respondeu:” Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do planeta fome”. Anos depois, “Planeta Fome” se tornaria o título de um dos 36 álbuns produzidos pela cantora em seus 70 anos de carreira. As roupas que usou na apresentação serviram de inspiração para o figurino da turnê do álbum.

A partir de 1960 começou a trabalhar somente com música, em um programa de rádio. Depois disso, foi chamada a participar de programas de TV, e, no mesmo ano,fez sua primeira turnê internacional, percorrendo os países de toda a América e da Europa.

Após terminar o seu segundo álbum, "A Bossa Negra", ela foi convidada a representar o Brasil na Copa do Mundo da FIFA de 1962, realizada no Chile.

No mesmo ano, conheceu o jogador de futebol Mané Garrincha, com quem iniciou um romance enquanto ele era casado. A cantora pediu que o jogador escolhesse entre ela e sua esposa da época, e assim surgiu o sucesso “Eu Sou a Outra”, em 1963.

O romance gerou um filho à Elza, que morreu em um acidente de carro com apenas 9 anos de idade. Depois de 16 anos de união, o casamento chegou ao fim devido a constantes agressões físicas, traições e humilhações que a artista sofria por parte de Garrincha, que tinha problemas com o alcoolismo.

Mundialmente conhecida pelo tom de voz grave e rouco, a cantora acumula diversos prêmios a partir de suas músicas que embalam temáticas românticas, de preconceito racial e feminismo.

Em 1999, foi eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. Elza ainda aparece na lista das 100 maiores vozes da música brasileira da revista Rolling Stone Brasil.

Elza esteve presente em diversos programas da TV Cultura, em diferentes momentos de sua carreira, como no Provocações, Cultura Retrô, Ensaio, Sr. Brasil, Bem Brasil, Metrópolis, Cultura Livre e Roda Viva. Confira algumas de suas participações:

1991 - Elza Soares participa do programa Ensaio:

2002 - Elza fica no centro do Roda Viva:

2019 - Elza Soares participa do Especial de Fim de Ano do Cultura Livre: