Diante de tudo o que estamos vivendo saber que esta é uma semana de Fla Flu não deixa de causar estranheza.

Os mais radicais poderiam dizer que os que estão em desacordo com o fato de a bola ter voltado a rolar deveriam honrar o ponto de vista que defendem e deixar o jogo para lá. Mas que coração tocado pela magia do futebol poderia fazer pouco caso de um Fla Flu?

O encontro entre rubro-negros e tricolores é desses que tem na receita uma dose cavalar de arquibancada, se é que me faço entender. E isso se deve muito aos irmãos Mário Filho e Nelson Rodrigues que, como poucos, se encarregaram de desvendar a entidade que se ergueu desse encontro. E quis a história que a partida desta quarta jogasse sobre o jeitão clássico do Fla Flu uma dose cavalar do verniz incômodo dos dias atuais.

Como a modernidade não pode corroer a tudo. Ou melhor, como tem seu próprio tempo de corrosão, lá estarão - trajados com suas cores devidas - os homens, que o Fla Flu ao longo do último século e pouco tratou de apequenar ou agigantar.

Ouso dizer, envoltos em uma névoa de incertezas humanas e tecnológicas. Flertando com o gol. E meio sem perceber pavimentando o caminho para novas possibilidades. Caminho que levará o futebol pra onde? E, uma vez lá nesse destino, que papel caberá ao torcedor que também meio sem perceber já grita gol num tempo em que as imagens do que se viu e se vê dentro e fora de campo estão guardadas na memória e em nuvens...


Vladir Lemos é jornalista, apresentador Revista do Esporte e diretor de Esporte da TV Cultura.