O que são os países 'ágeis' indicados por ranking americano

Veja como o Brasil aparece em lista de empresa de mídia dos EUA que mede capacidade de adaptação das nações.


Lindsey Galloway - BBC Travel

28/05/2022 19h02
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Uma pandemia em andamento, um conflito global e a incerteza geral colocaram em evidência a necessidade de todos os países serem mais ágeis e adaptáveis.

Ao serem capazes de implementar políticas e soluções flexíveis com base em novas informações, os governos podem atender de forma mais eficaz os cidadãos e turistas em um mundo em rápida transformação.

Para capturar esta capacidade de se adaptar e responder a obstáculos, o US News & World Report introduziu um novo índice de agilidade neste ano, como parte de seu ranking anual de melhores países, criando uma lista de nações classificadas por sua competência de ser adaptável, dinâmica, moderna, progressista ou responsiva.

Estes fatores são mais importantes do que nunca para os turistas, muitos dos quais estão começando a viajar internacionalmente de novo pela primeira vez em dois anos.

Como se vê pelo fluxo de novas variantes de covid-19, as condições podem mudar rapidamente, e os viajantes podem encontrar mais segurança ao visitar países com um bom histórico de ajuste de políticas de forma adequada e rápida.

Conversamos com moradores e especialistas em políticas públicas em alguns dos países mais bem classificados para descobrir o que torna um país ágil — e o que os viajantes devem esperar ao desembarcar.

Estados Unidos

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Os EUA demonstraram adaptabilidade em muitas áreas, incluindo no setor de serviços de entrega de alimentos

Primeiro colocado do índice de agilidade, os EUA podem não ter implementado um lockdown obrigatório pelo governo federal como muitos outros países ocidentais, mas sua economia orientada para o mercado permitiu uma adaptabilidade que estimulou a rápida inovação diante da crise de covid-19.

"Veja a rapidez com que os serviços de entrega e restaurantes foram capazes de alterar seus negócios, entregando comida nas casas das pessoas", diz John Rose, morador da Califórnia e diretor de risco e segurança da empresa de viagens Altour.

"Não havia muita regulamentação desnecessária dizendo que os restaurantes não podiam entregar comida ou não podiam operar com apenas um punhado de pessoas".

A indústria de alimentos foi apenas um microcosmo da flexibilidade do país em geral, observa Rose, já que outras empresas conseguiram se adaptar rapidamente ao cenário da pandemia, seja fabricando máscaras ou desinfetantes para as mãos, ou habilitando tecnologias como ferramentas de videoconferência para permitir que as pessoas trabalhassem de casa de maneira mais eficiente.

Além disso, cada estado podia promulgar políticas diferentes, de acordo com suas necessidades específicas, o que criou 50 maneiras únicas de responder à pandemia.

"A Califórnia e a Flórida lidaram com a pandemia de maneiras opostas. Enquanto a Califórnia tinha lockdowns rigorosos, a Flórida se recusava a cada restrição", diz Rose.

"E, no entanto, ambas as economias se saíram muito bem. Tudo se resumiu à forte liderança de uma política".

Em nível nacional, a obrigatoriedade do uso de máscara em aviões e aeroportos permitiu que os turistas continuassem viajando com confiança, o que manteve de pé esta indústria e seus benefícios econômicos durante a pandemia.

O governo ainda exige que os viajantes internacionais estejam totalmente vacinados.

Quem quer visitar os EUA deve saber que as taxas de vacinação entre os moradores variam muito de acordo com o estado e até mesmo condado, com algumas cidades com taxas de vacinação muito mais altas e prontas para voltar a receber os visitantes com segurança.

Rose recomenda verificar a situação no condado que você pretende visitar, em vez do estado no geral, para obter informações mais precisas.

Austrália

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Melbourne suportou seis lockdowns e mais de 260 dias sob restrições durante a pandemia

A Austrália, que ocupa o segundo lugar no índice de agilidade, com pontuações mais altas em capacidade de resposta e adaptabilidade, adotou uma abordagem muito diferente dos EUA, implementando lockdowns rígidos que mantiveram o número de casos de covid na nação insular entre os níveis baixos do mundo.

Diante das últimas ondas de covid, no entanto, o país passou rapidamente de uma estratégia de erradicação para uma reabertura completa, com base em uma taxa de vacinação de quase 95% entre adultos maiores de 16 anos.

"Os australianos agora se sentem reconectados com o mundo após quase dois anos de isolamento", afirma Kate Slater, consultora de estratégia, em Sydney, que escreve sobre viagens no blog Kate Abroad.

Ela também observa que o país implementa uma resposta estadual/territorial, oferecendo várias abordagens diferentes sobre como lidar com os desafios em andamento.

Por exemplo, Nova Gales do Sul, o maior estado com o maior aeroporto, anunciou em dezembro de 2021 que removeria os requisitos de quarentena para visitantes internacionais, o que levou o governo federal a acelerar a reabertura das fronteiras internacionais em fevereiro de 2022 para viajantes vacinados.

Os turistas devem verificar os requisitos de chegada estaduais e territoriais, uma vez que cada um pode ser diferente e pode mudar de repente.

O país também anunciou recentemente a suspensão da proibição de chegadas de cruzeiros, desde 17 de abril de 2022, embora os passageiros dos navios ainda precisem estar vacinados.

Os rígidos lockdowns do país incentivaram os moradores a viajar internamente, o que criou um boom de novas possibilidades em destinos regionais menos turísticos.

"Por exemplo, nas Terras Altas em Nova Gales do Sul, mansões históricas se transformaram em hotéis boutique", diz Slater, que recomenda a nova galeria de arte regional Ngununggula.

Coreia do Sul

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As restrições de viagem durante a pandemia provocaram um boom no turismo doméstico na Coreia do Sul

Ocupando o sexto lugar geral no índice de agilidade — e com pontuação alta na capacidade de ser dinâmica e progressista —, a Coreia do Sul recebeu elogios no início da pandemia por manter o número casos baixo, com uma política agressiva de testes e isolamento para os infectados.

No entanto, agora que os casos batem números recordes, o país continua avançando com seu plano de reverter muitas restrições, confiante na taxa de vacinação coletiva e em sua capacidade de gerenciar o sistema hospitalar.

"A Coreia do Sul foi uma 'história de sucesso' no combate à pandemia de covid-19 em parte devido às experiências anteriores com a Sars em 2003 e a Mers em 2015", avalia Hyesong Ha, professor-assistente da Escola de Políticas Públicas da Universidade Nazarbayev, no Cazaquistão, que conduziu pesquisas sobre os governos mais ágeis durante a pandemia.

"Devido à experiência e conhecimento adquiridos com as falhas políticas anteriores, o governo coreano implementou testes rápidos, rastreamento e tratamentos e estabeleceu o KCDC (Centro Coreano de Controle e Prevenção de Doenças), uma base ágil com profissionalismo, independência e autoridade para coordenar a resposta à crise."

As restrições de viagem foram uma parte desafiadora, mas necessária de sua política, de acordo com Jenny Ly, que escreve sobre viagens no site Go Wanderly. Mas ela aproveitou para se aventurar dentro do próprio país.

"Aproveitei para encontrar joias escondidas que a maioria das pessoas pode ter esquecido", diz ela.

Uma de suas favoritas foi a Ihwa Mural Village, em Seul, onde pinturas brilhantes e coloridas adornam quase todas as paredes.

"A vila é um paraíso na Terra para qualquer admirador de arte, pois abriga vários murais fascinantes, pequenos museus de arte e centros de arte."

Os viajantes internacionais terão mais facilidade para visitar o país, já que desde 1º de abril de 2022 os viajantes vacinados se qualificam para isenção da quarentena obrigatória de sete dias, registrando seu histórico de vacinação online.

Bélgica

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Os belgas aguardam ansiosamente o retorno do tapete de flores de Bruxelas

Colocada em 16º no índice de agilidade geral, o alto desempenho da Bélgica no sub-ranking de adaptabilidade (em que aparece na quarta posição) superou todos os seus homólogos europeus.

Os moradores se orgulham da sua capacidade de adaptação, uma necessidade cultural após sua história de ocupação por romanos, franceses, holandeses e alemães, o que levou à sua sociedade multilíngue e sua capacidade de abrigar a sede da União Europeia em sua capital, Bruxelas.

"A Bélgica é um país de diálogo e acordos, inevitável quando você tem idiomas diferentes e uma estrutura política tão complexa", diz Jurga Rubinovaite, moradora e fundadora do blog de viagens em família Full Suitcase.

"Buscar acordos e se adaptar às situações em constante mudança está em nosso DNA."

Para Rubinovaite, os políticos estiveram abertos a ouvir conselhos, admitindo que não sabiam tudo e aprendendo com os erros para se adaptar.

E não foi só o governo que se adaptou: Rubinovaite observa que os negócios também mudaram rapidamente, com restaurantes oferecendo comida para viagem e food trucks, além das lojas de roupas que migraram para o mercado online e museus oferecendo tours virtuais.

"Até os monges da Abadia de Sint-Sixtus começaram a vender sua mundialmente famosa (e muito difícil de conseguir) cerveja Westvleteren online durante a pandemia", conta.

Ela também observou um grande avanço em termos de tecnologia digital, uma vez que os pagamentos com celular e cartão substituíram o dinheiro em espécie, e os alunos receberam novos iPads e laptops para aprender.

Quase todas as restrições impostas pela pandemia de covid-19 foram suspensas na Bélgica agora, abrindo caminho para o retorno dos festivais de música e do tapete de flores bianual de Bruxelas.

O Museu Real de Belas Artes da Antuérpia, que abriga obras de Rubens e Van Eyck, finalmente reabrirá ao público em setembro de 2022, após uma reforma de 10 anos.

Brasil

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São Paulo é uma das 'capitais da vacina' do mundo, com uma taxa de vacinação próxima de 100%

O Brasil foi o país sul-americano mais bem colocado no índice de agilidade (23º lugar), assim como em sua capacidade de dinamismo (5ª posição).

Embora os moradores admitam que o governo fracassou em sua resposta à pandemia no início, o sistema de saúde conseguiu se movimentar de forma rápida e eficiente para vacinar grande parte da população, incluindo uma taxa de vacinação próxima de 100% em São Paulo, a maior cidade do país, fazendo dela uma das "capitais da vacina" no mundo.

Com menos recursos do que economias maiores, o país não tinha condições de suportar um longo lockdown, então os moradores tiveram que fazer sua parte para usar máscaras e manter o distanciamento social.

Mas muitos acreditam que não parar a economia ajudou o país a sair da pandemia.

"Os brasileiros se veem como sobreviventes, sempre encontramos uma maneira de superar as crises", diz a moradora Natalie Deduck, cofundadora da empresa de planejamento de viagens Love and Road.

"Dentro de nossos corações, sempre esperamos por dias melhores."

Estes dias podem finalmente estar próximos, já que muitas restrições, como a obrigatoriedade de máscara, foram suspensas.

Os viajantes ainda devem apresentar um teste de covid negativo, uma declaração de saúde e comprovante de vacinação.

Deduck lembra que o Brasil vai além de suas grandes cidades e a Amazônia. Segundo ela, os turistas devem considerar uma viagem ao Sul do país, para cidades litorâneas como Florianópolis e o Parque Nacional de Aparados da Serra, que conta com pousadas e hotéis fazenda.

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Travel.


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