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A pandemia acelerou dramaticamente o crescimento dos apps de entregas. Além dos motoqueiros de mochilas e coletes coloridos reclamando da baixa remuneração e donos de restaurantes insatisfeitos, as empresas que oferecem esses serviços têm outro problema em comum: vivem no prejuízo.

A lógica é simples, jovens empresas de tecnologia investem muito dinheiro agora na expectativa de dominar o mercado, o que permitiria a elas alcançar grandes lucros no futuro. Amazon, Google, Netflix, é longa a lista de empresas de tecnologia que usaram com sucesso a estratégia.

Boa parte dos apps que atuam no Brasil não são listados em bolsa, o que dificulta a análise dos números. Mas uma olhada na performance dos apps líderes no mercado americano (mais rico e estabelecido) dá uma ideia do tamanho do desafio das plataformas de entrega.

No auge do lockdown no ano passado, a DoorDash conseguiu, em média, reter apenas 90 centavos de cada US$ 36, após contabilizar os pagamentos dos motoristas, custos de publicidade e outros itens. Achou o número ruim? Tenha em mente que o DoorDash é o líder de faturamento nos Estados Unidos, à frente de concorrentes como Uber e Grubhub.

À medida que os investidores ficam cada vez mais impacientes com a demora na entrega dos lucros, as empresas começam a se movimentar para reverter a situação. Segundo reportagem do WSJ, os apps estão expandindo para ofertas mais lucrativas, como entregas de supermercado e de bebidas, e usando tecnologia para reduzir erros de restaurantes e motoristas.

As empresas também estão entrando na logística de última milha (as entregas que acontecem dentro das cidades) para empresas como Walmart e Macy's, onde os consumidores fazem pedidos diretamente nos sites dos varejistas e os apps fazem a entrega. Nesse tipo de serviço o lucro é maior porque os apps não gastam com marketing ou descontos para impulsionar os pedidos. Também não precisam reembolsar os consumidores se algo dá errado.

Matt Maloney, CEO do app de entregas Grubhub, afirmou que não acredita nas apostas de seus concorrentes. O Grubhub pretende retornar às suas raízes como um serviço de marketing online para restaurantes, deixando a entrega de restaurantes.

No caso do Brasil, onde iFood e Rappi dominam o mercado, nada leva a crer que a lógica será diferente. Por hora as empresas ainda se beneficiam do baixo custo da mão de obra local em comparação ao mercado americano. Mas à medida que a economia brasileira comece a dar sinais de vida, haverá um aumento do custo salarial dos entregadores, o que também empurrará essas empresas na busca por serviços mais lucrativos.

O problema é que nesses segmentos de serviços mais lucrativos já existem empresas eficientes e estruturadas atuando. É mais barato comprar centenas de veículos diretamente dos fabricantes e centralizar toda a manutenção do que manter indivíduos tentando realizar a mesma tarefa sozinhos.

Para muitos, esse é o grande problema dos apps de entrega e de transporte, como o Uber. Eles não permitem ganhos de escala significativos na frota. Ou seja, a conta só fecha às custas dos motoristas e entregadores que muitas vezes trabalham no prejuízo.

Mesmo esse aspecto está se tornando um risco crescente, à medida que mais governos começam a impor a estes aplicativos que sigam as regras trabalhistas, a exemplo do que aconteceu com os motoristas de aplicativos em Londres, que ganharam direito a férias e salário mínimo.

Outro notório problema dos apps de entrega é como empurram boa parte das contas para os pequenos e médios restaurantes. Esses estabelecimentos viram reféns de promoções custosas que destroem suas margens de lucro. Se o restaurante não aderir às promoções dos apps, somem da interface dos apps e deixam de vender. Mas muitos desses estabelecimentos foram forçados a fechar ao longo da pandemia. Desse modo, o poder de engolir a margem dos parceiros também diminuiu para os apps de entrega. Muitos restaurantes inclusive montaram estruturas próprias de entrega, se livrando da dependência dos apps.

Com entregadores demandando pagamentos maiores, donos de restaurantes buscando alternativas mais baratas e maior regulamentação, vai ser difícil os apps de entregas seguirem vivendo de vento. Aumentar os preços será uma consequência natural à medida que os apps busquem dar mais lucros ou passem a dominar o mercado à medida que concorrentes deixem o jogo. Afinal, os acionistas e investidores não aguentam mais esperar para receber seus lucros.

Guilherme Ravache é consultor digital e colunista. Publica regularmente artigos sobre inovação e mídia na MIT Technology Review Brasil, Notícias da TV e Jornal do Commercio (JC). Jornalista com passagens pelas redações da Folha de S. Paulo, Revista Época e Editora Caras. Foi diretor de atendimento da Ideal H+K Strategies e gerente sênior de comunicação e marketing de relacionamento da Diageo.