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O roteirista Brian Michael Bendis tem publicado em suas redes sociais, de tempos em tempos, que está avançando no roteiro da animação “Legião dos Super-Heróis”, para a HBO. E essa frase tem muita coisa bacana para quem gosta de quadrinhos, especialmente estas três palavras-chave: “Bendis”, “HBO” e, claro, “Legião dos Super-Heróis” (ou simplesmente “Legião”).

Começando pelo escritor: Bendis é um dos maiores nomes dos comics norte-americanos do momento. Embora já tenha trabalhado com desenho, arte-final, letras e edição, é nos roteiros que se destaca. Criou Jessica Jones, revolucionou o Demolidor, teve passagens marcantes por Vingadores, Homem-Aranha e muitos outros.

A HBO, para nós fãs de quadrinhos, tem nos presenteados com belas adaptações. A notória “Watchmen” e os desconhecidos da “Patrulha do Destino” receberam trabalhos igualmente primorosos. Não é garantia, claro, de que tudo que venha de lá seja excelente, mas nos dá esperança para esta animação.

O que nos leva para... a Legião. Para mim, este supergrupo traz muito do gênero dos super-heróis: ingenuidade, esperança e fantasia. É claro que há muitas histórias, dentro das HQs ou fora delas, que brilham extrapolando esse tripé – “Astro City” não é ingênuo, “Watchmen” não tem nada de esperança. E tudo bem! São obras-primas. Há espaço para todos. Mas meu ponto é que a Legião é o puro suco dos super-heróis.

Vamos para o começo: quando Otto Binder e Al Plastino criaram o grupo, em 1958, o gênero dos super-heróis estava por baixo. Stan Lee e Jack Kirby ainda não haviam reinventado a Marvel (seria na década seguinte) e apenas dois personagens vendiam bem: Superman e Batman.

A Legião surgiu em uma história do Superboy (o Superman quando mais novo). Eles vinham de um futuro distante, e o conceito por trás deles já traz sua ingenuidade. Em sua época, os planetas se uniram e criaram uma agremiação heroica, com representantes de cada povo. É como se a ONU do nosso século 21 fizesse uma equipe de elite com um herói brasileiro, um americano, um chinês, um indiano etc...

A Terra, curiosamente, não tinha ninguém na formação original, mas havia uma moça de Titã (lua de Saturno) e representantes dos planetas inventados de Winath e Braal. Cada planeta habitado no futuro do Universo DC tem sua peculiaridade. São tão diferentes entre si que é como as características naturais dos habitantes de um planeta fossem superpoderes comparados aos outros. Usando o exemplo dos membros fundadores do grupo: todos de Titã são telepatas (como o Professor Xavier, dos X-Men, que ainda não havia sido inventado) e todos de Braal têm poderes magnéticos (como o Magneto, que também ainda não existia).

O “futuro distante” desses heróis era... o século 21! Somos nós :-). Enfim, o grupo fez sucesso e voltou a aparecer. Seu conceito e suas HQs foram amadurecendo e mudando para além do fato de agora serem ambientadas no século 31. Por exemplo, por que parar em só três membros? A cada personagem (amigo ou inimigo) que aparecia, descobríamos um novo mundo habitado por seres de poderes peculiares. Havia mais tramas, mistérios, vilões – e heróis nobres salvando a todos (a esperança, segundo item do tripé dos super-heróis, entra aqui).

Quanto ao quesito fantasia: uma vez que você estabelece esse conceito de planetas interligados, o palco está armado e a imaginação dos autores é o único limite. Você pode apresentar histórias que apresentem temas sérios (racismo, igualdade, justiça social), aventuras épicas em que o universo pode acabar (como “A Saga das Trevas Eternas”), ou, o que é mais comum, focar no desenvolvimento dos personagens. Como amadurecem, evoluem, erram, acertam, se apaixonam... As revistas mensais da Legião passaram a costurar aventuras épicas com tramas novelescas.

Há uma pitada de humor nas histórias da Legião. Os habitantes de alguns planetas têm habilidades tão peculiares que se tornam alívios cômicos. É o caso, por exemplo, do Rapaz-Fruta, cujo poder é fazer com que as frutas amadureçam – o que não vem a ser algo muito útil em uma batalha cósmica, convenhamos. E ainda há o Menino-Clorofila, a Moça-Torneira, o Furão, a Moça-Contagiosa... Melhor nem descrevermos os poderes deles.

E se há uma Legião dos Super-HERÓIS, quais serão seus vilões e aliados? Prepare-se... Temos a Legião dos Super-Vilões (claro!), a Legião dos Heróis Substitutos, a Legião dos Super-Monstros, a Legião dos Super-Animais de Estimação, a Legião da Morte, a Legião dos Super-Rejeitados (!!), a Legião dos Super-Traidores (!!!), a Legião dos Bizarros Letárgicos (!?!?)...

Dito tudo isso, o que esperar da série animada da HBO? Antes de tudo, um roteirista que conhece a fundo os personagens. Bendis escreveu recentemente o título mensal da Legião, inclusive acrescentando à equipe membros criados por ele, como o Lanterna Dourado e o Rapaz-Monstro. Pode ser que eles pintem na série, como ele é um escritor que gosta de homenagear seus antecessores, é mais provável que a equipe da animação seja formada, a princípio, pelos considerados membros clássicos. Ou seja, Cósmico, Satúrnia, Relâmpago, Camaleão, Brianiac 5 e outros criados nos anos 50 e 60.

Mais do que personagens clássicos, podemos esperar referência a histórias que marcaram a Legião, como a já citada Saga das Trevas Eternas, o confronto com o Senhor do Tempo, o sacrifício do Ferro... Não que estas HQs sejam rigorosamente transpostas, claro, mas, no mínimo, uma menção (“e aquela vez em que viajamos para o futuro para derrotar o Senhor do Tempo?”).

A única pista que Bendis deu, em suas redes sociais, é que esta animação, diferente da sua predecessora (a Legião ganhou uma série animada que foi ao ar entre 2006 e 2008), será voltada para o público adulto. O que ele quer dizer com isso? Talvez diminua um pouco a ingenuidade e invista mais em temas e abordagens mais sérios, como visto na animação “Justiça Jovem”, para ficarmos em um exemplo da própria DC. A conferir.