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Quem, como eu, gosta de acompanhar Instagram, Twitter e afins ligados a quadrinhos certamente percebeu, nos últimos dias, uma enxurrada de menções a “crossovers”: lista de favoritas, homenagens a cenas e capas icônicas, desejos de HQs inéditas etc.

Para quem não está familiarizado ao termo no mundo dos quadrinhos, “crossover” é quando personagens de diferentes editoras (ou realidades) participam de uma mesma história. Por exemplo, a Liga da Justiça e a Turma da Mônica; o anti-herói Lobo e o Papai Noel; ou Superman e o maior boxeador de todos os tempos, Muhammad Ali.

Os quatro primeiros “crossovers” com super-heróis aconteceram com personagens da Marvel encontrando (e por vezes, enfrentando) colegas da rival DC: Superman x Homem-Aranha (em 1976 e 81), Batman e Hulk (1981) e X-Men e Novos Titãs (1982). Estes são os considerados “clássicos” e, depois deles, veio um hiato de quase uma década.

A segunda metade dos anos 1990 foi o auge dos “crossovers”. Auge em quantidade, não em qualidade. Personagens nem tão famosos e roteiros fracos eram publicados no embalo de ótimos ilustradores e no fato de esse tipo de acontecimento ser raro. Os personagens nem eram, necessariamente, das editores maiores – várias outras entraram na onda. Deixou de ser raro, deixou de ser bom e passou a ser publicado a torto e a direito.

A onda de “crossovers” parece estar de volta. Segundo o artista Barry Kitson, Marvel e DC estariam trabalhando para republicar alguns desses títulos. Ele não mencionou o que vou dizer agora, mas torço para que estejam também trabalhando em material inédito.

Enfim, aproveito o momento para apresentar aqueles que são, em minha humilde e subjetiva opinião, os melhores “crossovers” dos quadrinhos de super-heróis.

5º - “Darkseid Vs. Galactus - O Devorador”, de John Byrne

Era um chamariz e tanto para os leitores: todos os crossovers entre Marvel e DC traziam, necessariamente, um super-herói (ou supergrupo) de cada editora.

Todos mesmo? Não... John Byrne “quebrou o protocolo” e colocou Galactus, o devorador de planetas da Marvel, tentando se alimentar com um dos mundos mais sombrios da DC: Apokolipse, governado pelo deus-tirano Darkseid. Uma aventura única já de seu ponto de partida.


4º - “Batman vs. O Incrível Hulk”, de Len Wein e José Luis García-López

São dois personagens que nada têm em comum, exceto se chamarem Bruce. O Hulk é poderosíssimo e estaria mais parelho com heróis como Superman ou Shazam. Batman, por outro lado, é um personagem urbano, um detetive, e talvez estivesse mais bem acompanhado do Demolidor, Luke Cage ou Misty Knight. Como resolver tamanha disparidade e ainda produzir uma história interessante?

Simples: coloque bons autores na tarefa. O roteirista Len Wein e o ilustrador José Luis García-López conseguiram um belo resultado unindo mundos tão diferentes – com destaque para como García-López ilustrou os delírios insanos do Coringa.

3º - “Os Fabulosos X-Men & Novos Titãs”, de Chris Claremont e Walt Simonson

Se o item acima uniu personagens distantes, este trouxe supergrupos simulares. No início dos anos 80, X-Men e Novos Titãs eram revistas que voavam nas vendas, com suas aventuras por vezes interplanetárias estreladas por jovens e superpoderosos personagens: Ciclope, Tempestade, Noturno na equipe da Marvel, Mutano, Estelar e Ciborgue na da DC.

Apesar do grande números de personagens, Claremont e Simonson conseguiram criar uma aventura interessante e cativante, com direito a ótima participação do vilão Darkseid – não é a primeira vez que você o encontra nesta lista, e não será a última.


2º - “Superman contra Homem-Aranha”, de Gerry Conway e Ross Andru

A origem de tudo! A primeira vez em que as editoras experimentam este formato. Escolheram, não à toa, dois personagens com rica mitologia, tanto em coadjuvantes quanto em vilões. E há espaço para todos, o que os permite ver um bocado de Lois Lane, Mary Jane Watson, Lex Luthor, Doutor Octopus, Jimmy Olsen, J. Jonah Jameson e muitos outros.

Marvel e DC escolheram, também não à toa, escolheram dois dos melhores do ramo à época: o roteirista Gerry Conway e o ilustrador Ross Andru, que souberam explorar as semelhanças e, principalmente, as diferenças entre os protagonistas. A história não só é a primeira deste ranking porque o topo ficou ocupado por uma HQ muito acima da média.

1º - “LJA vs. Vingadores”, de Kurt Busiek e George Pérez

Quando os “crossovers” começaram, a Liga da Justiça (também conhecida como LJA) e os Vingadores eram super-grupos de elite – cada formação tinha poucos membros, algo entre 6 e 12. Com o tempo, as equipes foram ficado maiores, as franquias foram aumentando com franquias derivadas, heróis foram entrado e saindo meio sem muito motivo...

Quando DC e Marvel lançaram “LJA vs. Vingadores”, em 2003, trataram a obra como um grande evento, tanto de marketing e de qualidade da HQ. E estavam certos: publicada em forma de uma minissérie em quatro edições, a história conseguiu dar espaço a simplesmente todos os mais de 200 (!) super-heróis que já haviam pertencido à Liga da Justiça ou os Vingadores. E isso sem tornar a história maçante, apoiando-se no talento de Busiek como roteirista e na exuberante arte detalhista de Pérez.

“LJA vs Vingadores” foi um deleite para os fãs: rendeu homenagens a vilões das duas editoras (olha o Darkseid aqui de novo), a histórias clássicas e a coadjuvantes importantes. Será que está na hora de um novo confronto entre eles?

Bônus especial: o “crossover” entre Marvel e DC que foi publicado sem que as editoras percebessem

Em 1971, os quadrinistas Gerry Conway, Len Wein, Glynis Wein e Steve Englehart foram juntos a uma parada de Halloween em Rutland (nos Estados Unidos). Depois, escreveram três aventuras interligadas – não oficialmente, e é aí que está a graça. As três histórias se passam em Rutland e têm os mesmos quatro coadjuvante: Gerry Conway, Len Wein, Glynis Wein e Steve Englehart! O primeiro e o terceiro capítulo saíram em revistas da Marvel, e o segundo foi publicado pela DC. Conto direitinho esta história neste texto, “Primeiro crossover entre Marvel e DC foi publicado sem ninguém perceber”, publicado no site Hábito de Quadrinhos, primo-irmão desta coluna.