É difícil acharmos uma citação ao artista japonês Hayao Miyazaki sem o acompanhamento de adjetivos elogiosos – eu mesmo acabei de colocar um “grande” lá no título. E achei pouco.
Os longas animados de Miyazaki são encantadores. Ótimos roteiros, imagens lindas, personagens cativantes. A imaginação dele parece estar anos-luz à frente da nossa... tudo parece incrível, original, diferente. Para ficarmos em alguns dos mais famosos, temos aí “Meu Amigo Totoro”, “Nausicaä do Vale do Vento”, “O Castelo Animado” e, o meu favorito, “A Viagem de Chihiro”. Recomendo todas as animações dele, até as que não vi – o que, confesso, pode ser arriscado.
OK, já sabemos que ele é um grande cineasta. Então, o que está fazendo em uma coluna sobre quadrinhos? Simples: Miyazaki também é um ótimo mangaká – ou foi, já que não trabalha diretamente com HQs há anos. E, como sou fã do trabalho dele no cinema, gostaria muito de ver seu trabalho impresso também.
Para não ser injusto: os mangás dele não são inéditos no Brasil. Em 2009, ““Nausicaä do Vale do Vento”, começou a ser publicado, mas ficou incompleto: só saíram cinco dos sete volumes. Esta coleção voltou a sair em 2022, e três números já estão à venda – tomara que os quatro últimos também venham. Mas nem só de “Nausicaä” vive o lado mangá de Miyazaki. Separei quatro títulos, acendendo uma vela para que editores nacionais já estejam de olho neles.
“Imouto he”, de 1982
Um poema em forma de quadrinhos, a história é narrada por um menino cuja gêmea está doente. Mostra o sonho dele em viajar pelo mundo com sua irmã, levando felicidade para ela.
“Shuna no Tabi”, de 1983
Este mangá narra a história do príncipe Shuna, cujo povo está sofrendo de fome diante de uma colheita muito pobre. Ele então parte em uma jornada em busca de um tipo específico de grão que, espera, vai proporcionar uma vida melhor para os seus súbditos. A edição americana desta HQ ganhou, no ano passado, o Eisner Awards de melhor mangá lançado nos EUA.
“Miyazaki Hayao no Zassō Nōto”, entre 1984 e 1992
Este parece ser bem curioso: é uma série que foi publicada esporadicamente em uma revista japonesa, e podem ser composta de literalmente qualquer coisa: histórias curtas, rabiscos, esboços, anotações, normalmente sobre (ou com) aviões, tanques ou navios anteriores à Segunda Guerra Mundial.
“Hikōtei Jidai”, de 1990
Trabalho curto, de apenas 15 páginas, todo feito em aquarela, em que Miyazaki explora seu amor por aviões antigos. O longa animado “Porco Rosso” é inspirado nele.
Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.
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