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"Coringa" vem aí: HQs para entender, se é que dá para entender, o Palhaço do Crime


30/09/2024 10h58

Estreia nesta semana “Coringa: Delírio a Dois”, filme dirigido por Todd Phillips que é uma continuação do longa “Coringa”, de cinco anos atrás. Mais uma vez teremos o ótimo Joaquin Phoenix como o “Palhaço do Crime”, agora acompanhado do talento da Lady Gaga como Harley Quinn (ou Arlequina, como preferir).

Eu não sei você, mas eu vou assistir com a expectativa lá em cima – e não só pelos prêmios (11 indicações ao Oscar, vencendo em 2 categoria – melhor ator, para Phoenix, e melhor trilha sonora original). Achei o primeiro filme dramático e impactante, ainda que em muitos momentos destoe da história canônica dos quadrinhos – o que não faz a menor diferença para mim.

O Coringa é um ícone do gênero dos super-heróis, ainda que seja um vilão. Criado em 1940 pelo trio Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson em uma história do Batman, ele carrega mais de oito décadas de HQs nas costas. Passou pelas mãos de tantos autores que apresentou faces completamente diferentes. Há o criminoso cruel; o palhaço insano, quase inocente; o supervilão que se alia a outros “gênios do mal” típicos da DC Comics; o serial killer. São muitos baixos e alguns altos, é claro.

Dentro desta longa cronologia, selecioneis algumas edições nacionais que ajudam a compor um bom apanhado deste personagem. Aqui vão:

Coringa: Antologia”, de vários autores

Talvez a coletânea mais completa do personagem a sair por aqui. Afinal, são quase 20 histórias, publicadas entre 1940 e 2013, distribuídas em mais de 360 páginas. Destaco três: “O Coringa”, com sua primeira aparição, lá em 1940; “O Homem do Capuz Vermelho”, história de 1951 que começa a dar mais contexto histórico ao personagem; e “O Peixe Risonho!”, em que surge a icônica e divertida imagem do “peixe-coringa”, tantas vezes reverenciada por autores posteriores.

Lendas do Universo DC: Coringa”, de vários autores

Embora eternamente associado ao Batman, o Coringa cresceu tanto em popularidade que por vezes alcança protagonismo sem a presença do Morcegão. De 1975 a 76, chegou até a ganhar uma revista solo, focada em suas (des)aventuras, que foi cancelada após o nono número. A décima edição, que já estava pronta, só chegou aos olhos dos leitores em 2019, digitalmente (e permanece inédita no Brasil).

Batman - A Piada Mortal”, de Alan Moore e Brian Bolland

Lançada em 1988, esta graphic novel é uma das melhores histórias do Batman, do Coringa e, talvez, da própria DC Comics. Alan Moore (de “Watchmen” e “V de Vingança”), com roteiro intenso e dramático, e Bolland, com sua arte brilhante, trazem um retrato sombrio sobre o relacionamento sobre estes dois antagonistas que se odeiam tanto. Uma obra imprescindível na mitologia de Gotham City, com merecido destaque ao comissário James Gordon e sua filha, Barbara Gordon (a Batgirl).

Batman - Morte em Família”, de Jim Starlin e Jim Aparo

Qualquer nuance na loucura do Coringa é deixado de lado: aqui ele se apresenta como um serial killer sem limites. Iniciada em 1988 e concluída em 1989, traz um “abalo sísmico” nas histórias do Batman e até na mitologia da DC com o assassinato do Robin pelas mãos de um Coringa cada vez mais sádico e violento.

Batman: Louco Amor”, de Paul Dini e Bruce Timm

A Arlequina é uma adição relativamente recente à mitologia de Gotham City (surgiu em 1992, na animação do Batman), e inseparável da história atual do Coringa. A série animada estrelada por ela é ótima – e o Coringa, seu ex, o principal antagonista. Nos quadrinhos, minha história favorita sobre a relação entre eles é “Batman: Louco Amor”, de 1994.

Batman - A Morte da Família”, de Scott Snyder e Greg Capullo

Esta é uma abordagem contemporânea sobre a doentia e criminosa personalidade do Coringa, lançada entre 2012 e 13. O “Palhaço do Crime” empreende um audacioso e violento ataque contra o Morcegão e seus principais aliados. Como a “batfamília” aumentou muito, graças ao sucesso do Batman, temos espaço para muitos personagens do seu entorno, todos sendo ultrajantemente atacados pelo Coringa e pela Arlequina: Robin, Alfred Pennyworth, Robin Vermelho, Batgirl, Batwoman, Asa Noturna, Capuz Vermelho, Mulher-Gato...

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.

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