Fundação Padre Anchieta

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Pixabay/emiliefarrisphotos
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Este é um artigo sobre começos. Afinal, esta é a minha estreia na coluna Hábito de Quadrinhos, prima-irmã do site de mesmo nome. E, para falar de princípios, resolvi tentar responder uma pergunta que, para minha felicidade, tenho ouvido cada vez mais: “estou a fim de ler quadrinhos, o que você me indica?”.

O que mais gosto quando me perguntam “o que ler” é que posso responder “o que você gosta de assistir?”. E é aí que a conversa de fato começa. Porque os quadrinhos não são um universo em que todas as histórias são do mesmo gênero.

Para escrever este texto, então, entrei no IMDB (que tem avaliação do público) e vi quais os principais gêneros que estão lá. Provavelmente você gosta de vários deles. Então, espero que algumas das 12 dicas abaixo te agradem:-).

Comédia – As aventuras do Asterix escritas por René Goscinny e ilustradas por Albert Uderzo são incríveis. A França antiga, que ainda se chamava Gália, foi ocupada pelo Império Romano. Uma pequena aldeia, entretanto, resiste aos invasores. E seus heróis são os hilários Asterix e Obelix... Qualquer livro é bom, mas como estamos falando de início, eu começaria pelo primeiro: "Asterix, o Gaulês".

Ficção científica ou Super-herói – Enquanto você lia os primeiros parágrafos deste texto, dois super-heróis passaram voando atrás de você: um da DC Comics e outra da Marvel, as duas gigantescas editoras do gênero. Então, vou indicar uma HQ de cada. 

"Marvels" – uma história de inícios ;-). Um fotógrafo, sempre próximo dos acontecimentos, vê surgirem os primeiros super-heróis do Universo Marvel: Tocha Humana, Capitão América e Namor. Depois, acompanha ainda as primeiras aparições de X-Men, Quarteto Fantástico, Vingadores e Homem-Aranha. O fato de a história ser narrada por um humano normal, com medos, alegrias, ansiedades e esperanças, é uma grande sacada dos criadores Kurt Busiek e Alex Ross.

"Superman – O Que Aconteceu ao Homem de Aço" - uma história de finais! Como seria a última aventura do Superman? O escritor Alan Moore e o ilustrador Curt Swan criaram um épico que homenageia dezenas de personagens da mitologia do herói kryptoniano, dos onipresentes Lois Lane e Lex Luthor aos menos conhecidos Vartox e Supermulher.

Deixando os supers de lado, vou apresentar uma ficção científica de Will Eisner: "Um Sinal do Espaço". Lançada no final dos anos 70, ela apresenta a reação de nós, humanos, ao finalmente recebermos um sinal inteligente vindo deles, alienígenas.

Terror"Noturno", do argentino Salvador Sanz: dois portenhos que não se conhecem começam a compartilhar os mesmos sonhos. Neles, vão para uma dimensão paralela habitada por criaturas que lembram híbridos de aves e seres humanos. Assustados, sentem que estão se transformando nesses monstros… Ou será que é só um pesadelo?

Romance"Rosa de Versalhes", de Riyoko Ikeda. A série, lançada no Brasil em cinco volumes, costura romance e drama para mostrar os anos que antecedem a Revolução Francesa. O foco está em Oscar, a filha de um militar que recebeu nome e educação de homem. Apesar de ser uma brilhante oficial do Exército francês, ela sofre preconceito justamente por ser mulher (o que suas roupas não tentam esconder).

Ação ou suspense"Adolf", de Osamu Tezuka: dois jovens alemães chamados Adolf são amigos nos anos 30 do século passado. Um deles é judeu e o outro, não. Eis que um terceiro Adolf (Hitler) surge e leva a Alemanha (e o mundo) para uma desumana, insana e inacreditável guerra. Agora ex-amigos, os dois Adolfs são colocados em lados opostos da disputa nesta obra que mescla suspense e drama.

Drama"Gemma Bovery", da britânica Posy Simmonds, é uma homenagem ao clássico “Madame Bovary”. O livro de Simmonds começa com Gemma (homenagem à Emma Bovary de Flaubert) já morta. Um vizinho descobre seus diários e os furta para tentar entender o que aconteceu. É nos comentários do vizinho que “Gemma” aborda “Madame Bovary”: ele recorre ao clássico da literatura mundial para entender a infelicidade no casamento e o turbilhão de sentimentos de sua finada amiga.

Outra opção é "Persépolis", de Marjane Satrapi. Trata-se de uma obra autobiográfica sobre sua adolescência no Irã: filha de pais comunistas em uma metrópole moderna, Teerã, mas cada vez mais influenciada pela presença de extremistas islâmicos.

Mistério ou crime – O mangaká Naoki Urasawa cria ótimos suspenses. Ele capricha no ritmo (sempre deixando mistérios com gosto de quero ler a próxima edição, mas tem de ser agora) e nos personagens coadjuvantes. Em "20th Century Boys" (lançada em 22 volumes), um mistério liga um culto religioso com forte influência política a um possível atentado a Tóquio. Já "Monster" (18 números) apresenta um médico tentando localizar um serial killer.

Infantil – Em um país com grande tradição de bons quadrinistas infantis, como Mauricio de Sousa e Ziraldo, vou sugerir um que é de fora justamente porque é menos conhecido e pode surpreender. "Mumin", da finlandesa Tove Jansson, é estrelada por uma família (os Mumins) de configuração muito fofa, mas um pouco difícil de classificar. Parecem hipopótamos bípedes, brancos e sorridentes. As histórias de Mumin miram as crianças, mas também encantam adultos. São leves, engraçadas, despreocupadas. Confusões divertidas, em resumo.

E os quadrinhos nacionais? Se você prestar atenção, verá que a lista acima só tem estrangeiros. Isso porque já abordei esse tema (quadrinhos que indico) no site Hábito de Quadrinhos. Daquela vez, sugeri 25 HQs, todas brasileiras. Pode conferir lá: aquela lista e esta se complementam.

PS – Esta é a coluna de estreia do site Hábito de Quadrinhos aqui na Cultura – o site também está no Instagram, Facebook e Twitter. Gostaria de encerrar esta estreia agradecendo a TV Cultura, Danilo Rocha e Aline Galasso pela oportunidade. Muito obrigado!

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. Nascido e criado em São Paulo, é filho de um físico luso-angolano e de uma jornalista paulistana.