Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

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Até pouco tempo atrás, jogos ao vivo, de todas as modalidades, só poderiam ser assistidos nos canais de TV aberta ou TV paga.

Os organizadores das competições, detentores dos direitos de exibição, negociavam pacotes de exibição com grandes grupos de mídia, geralmente com exclusividade, que sendo detentores de uma audiência relevante, exibiam as partidas dentro de suas grades de programação.

Com muitas TVs ligadas, no caso da TV aberta, e muitos assinantes, no caso da TV paga, o formato deu certo durante algumas décadas.

O negócio é que a vida não anda muito boa para as TVs tradicionais já faz algum tempo.

Segundo estudo da Kantar Ibope, publicado pelo jornalista Ricardo Feltrin, no UOL, a TV aberta perdeu quase metade do público em 20 anos.

E a fuga tem ocorrido justamente para as outras telas, especialmente celulares, tablets, redes sociais e serviços de streaming.

No caso da TV paga, a situação é ainda mais crítica e foi agravada pela crise causada pela pandemia, já que é necessário pagar uma assinatura mensal para assistir aos canais.

Segundo dados da Teletime, a TV paga perde mais de 200 mil assinantes todos os meses, em um universo de assinantes de pouco mais de 14 milhões de clientes.

Se a curva não se alterar nos próximos meses, a TV paga pode caminhar para sua extinção no Brasil, considerando que o modelo de negócio somente se viabiliza com massa crítica de telespectadores que paguem a assinatura e justifiquem os anúncios publicitários.

Do outro lado da equação, o streaming cresce.

Nunca se viu tanto vídeo na Internet.

No caso dos serviços pagos, como Netflix, Globoplay e Prime Vídeo, que seriam uma espécie de concorrentes diretos da TV paga, o faturamento já pode ter ultrapassado até mesmo a TV aberta.

Segundo uma estimativa feita pelo site NaTelinha, a soma dos valores pagos em assinaturas nos três principais serviços de streaming é de aproximadamente R$ 14 bilhões, o que seria uma cifra maior que o faturamento somados das principais emissoras de TV aberta do país.

No caso dos principais serviços abertos de streaming, o crescimento também é exponencial.

Somente na Twitch, foram assistidas mais de 25 bilhões de horas de conteúdo ao vivo em 2020, um crescimento de 76% em relação ao ano anterior e algo muito parecido acontece com o YouTube.

E aí entram os influenciadores e seu poder de falar com uma audiência engajada e fiel no streaming.

O Desimpedidos é o principal canal de futebol do YouTube.

Foi criado em 2013 e tem mais de 8 milhões de inscritos, que são notificados pela plataforma sempre que um novo conteúdo é publicado no canal. Com fãs fiéis, é também seguido por mais de 15 milhões de seguidores em suas redes sociais.

Numa jogada de craque, o Desimpedidos passou a transmitir em 2021, jogos ao vivo em seu canal no YouTube.

A experiência começou em 2021 com os jogos do Brasileirão Feminino e de amistosos da seleção brasileira feminina e conta com o casting do Desimpedidos, figuras conhecidas de sua audiência, na narração, comentários e reportagens.

Parece que está dando muito certo.

Os primeiros jogos atingiram audiência superior aos canais de TV paga, com um alto engajamento do público, fidelizados pelo carisma e pelo jeito Desimpedidos de produzir conteúdo.

O mesmo acontece com a NBA no Gaules.

Gaules é o maior streamer do Brasil, dono de um canal na Twitch que é o 2o mais assistido em todo o mundo.

Os playoffs da NBA, o basquete profissional americano, estão sendo exibidos no canal do Gaules, narrado por ele próprio, na companhia de amigos, e tem atingido audiência de mais de 100 mil telespectadores simultâneos durante as partidas, números próximos do Ibope de TVs abertas e superior à audiência da TV paga.

Para além dos números expressivos, as transmissões esportivas no Desimpedidos e no Gaules trazem um frescor para o rígido formato de transmissão esportiva da TV, que se inspirou no rádio para descrever aquilo que estava acontecendo na tela.

No caso das transmissões pelo YouTube e Twitch, o tom das transmissões é informal, próximo da experiência de assistir algo em casa junto com os amigos, o que torna a experiência agradável e muito mais interativa que a TV tradicional.

Para uma geração que não sabe o que é a novela das oito e que nunca conheceu uma TV de tubo, o futuro de assistir TV está nos influenciadores e no streaming.

João Ramirez é estrategista digital e especialista em livestreaming. Fez a 1ª transmissão ao vivo da história da Internet brasileira, em 1996, e está no Guinness Book of Records. Dirigiu milhares de programas ao vivo nos últimos 20 anos. Participou de projetos ativistas e de engajamento de pessoas pelas redes sociais. É um estudioso e entusiasta do futuro das transmissões ao vivo em todas as plataformas e telas.