Na escola, o brincar é uma das ferramentas mais relevantes na educação dos nossos filhos, por isso ele é tão incentivado na sala de aula da Educação Infantil. Importância inclusive destacada na Base Nacional Comum Curricular. Segundo as Diretrizes da BNCC; “os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização.”
Mas de acordo com o relatório do Unicef, 44 milhões de estudantes brasileiros de 4 a 17 anos estão afastados do ambiente escolar há mais de cinco meses. Nada substitui a escola presencial, mas é o que temos para agora. Muitos alunos de colégios particulares seguem em ensino remoto. Já o mesmo não acontece em diversas instituições públicas. Com ou sem videoaulas, as brincadeiras são mais do que necessárias nesta fase. Num momento como o que vivemos, de isolamento social, é fundamental que os estímulos continuem, mesmo que apenas dentro de casa. Enquanto não há um consenso sobre a volta às aulas, o aprendizado pode seguir de forma lúdica, com o auxílio de pais e mães.
Assim como nós não somos formados em pedagogia e não temos como assumir o papel de professores, não somos profissionais do brincar. Existem pais e mães com mais habilidades para criar brincadeiras e com disposição de sobra e outros não. Em entrevista ao Papo de Mãe, Patricia Camargo, do Tempojunto, projeto que tem como objetivo melhorar a qualidade de tempo com os filhos, dá dicas para quem já não sabe mais o que fazer com as crianças. Patricia lembra que é preciso propor atividades para os pequenos fora das telas. Ela acrescenta que a brincadeira deve agradar o pequeno para despertar a autonomia dele e fazer com que ele se concentre por mais tempo.
Falta de tempo X Excesso de Tempo
Já Patricia Marinho, também especialista em desenvolvimento infantil pelo brincar do TempoJunto, afirma que a relação intensificada precisa ser saudável. Se antes faltava tempo, hoje a família lida com o excesso dele e é preciso saber aproveitá-lo. Patrícia explica que as crianças podem ser incluídas na tarefas domésticas e tudo pode virar uma diversão. E ela esclarece que é preciso estabelecer combinados. Tem hora de estar junto e tem hora que pais e mães precisam trabalhar ou, simplesmente, necessitam ficar sozinhos.
Patricia Camargo destaca que as crianças são resilientes. “A gente acha que não, mas elas conseguem se adaptar quando percebem que são importantes. Reserve momentos exclusivos para os pequenos. Dê o seu devido valor a eles, com presença concreta”.
No Brasil, estamos vendo se estender a quarentena educacional e ainda são desconhecidas as consequências reais da ausência da escola, seja pela falta do conteúdo formal, seja pela falta da convivência com outras pessoas. As questões psíquicas que atingem as crianças têm tirado o nosso sono .
A rotina em casa é vista como uma forma de manter a saúde mental de todos. O psiquiatra da infância e da adolescência Miguel Ângelo Boarati, parceiro do Papo de Mãe em diversos programas, acredita que o melhor a ser feito é cuidar do dia a dia com bastante planejamento. “Não sabemos quando o isolamento social irá acabar, mas podemos confortar os pequenos com organização. A agenda definida, incluindo os horários de estudos, os afazeres domésticos e o lazer, tem um efeito protetor. Uma forma de melhorar a ansiedade e prevenir a depressão”, avalia Boarati.
O psiquiatra finaliza chamando a atenção para o excesso de telas. “Pais e mães não devem se cobrar tanto, o problema são os exageros ”, opina o médico. As orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) foram flexibilizadas durante a pandemia: sem tela até 12 meses; 60 minutos por dia de 1 até 5 anos; a partir dos 6 anos, os responsáveis decidem o tempo.
Estudos revelam que os primeiros anos de vida das crianças são os mais preciosos para o desenvolvimento delas e a infância nos remete ao brincar. Então, vamos abusar das brincadeiras na pandemia e garantir um bom ambiente educacional para os nossos filhos.
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