Fundação Padre Anchieta

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A novidade é que o Instagram passou a permitir - e logo o Facebook também o fará - que o usuário escolha se quer ou não que outras pessoas vejam a quantidade de curtidas e visualizações de uma publicação na rede social. A mudança acontece dois anos depois da retirada do contador de popularidade pela empresa, que à época alegava privilegiar o conteúdo em vez da competição – muitas vezes insalubre - por likes.

A decisão de reverter o apagão de curtidas chega após testes com grupos de usuários - que receberam o recurso de liga/desliga a exibição dos likes - mostrarem que o botãozinho nas configurações era bastante utilizado. Veja bem, o pessoal do gigante Facebook, empresa que controla o Instagram, o WhatsApp e outros aplicativos de sucesso, concluiu que participantes das redes sociais gostam de espiar e de ter espiadas as curtidas e o prestígio de suas publicações. Genial!

Deve ser por conta dessa vaidade que muitos publicam e visualizam exatamente a mesma coisa em mais de uma rede quase que simultaneamente. É como se as audiências de Facebook, Instagram, Twitter, Linkedin e outros pudessem ser somadas, fazendo com que uma única postagem tenha um número muito maior de fãs. Só que a verdade é que muitos usuários de uma rede também estão nas demais, gerando o fenômeno da “sobrepostagem” – redundância na visualização de posts.

Outro dia fiquei intrigado com um desses excedentes. Li, curti e comentei a publicação de um colega de Facebook. Dias depois, a mesma publicação apareceu na tela do Instagram. Lembrei que já havia interagido com o tema e deixei passar em branco. Mas fiquei em dúvida se esse seria o procedimento adequado, uma vez que o clique no coraçãozinho é mais do que uma avaliação positiva. A ação faz girar a roda do algoritmo, tornando mais popular a publicação, logo, com potencial de mais likes. As pessoas que publicam nas redes contam com os likes, certo?!

Esse pensamento me perseguiu até que apareceu uma publicação de aniversário de uma querida no Instagram, mensagem reproduzida no Facebook. Vi as duas, curti as duas. Mas será que também deveria comentar nas duas plataformas? O mesmo comentário, tipo Ctrl+C/Ctrl+V, ou comentários diferentes? Comecei a avaliar meu próprio comportamento nas redes de forma nada científica para tentar encontrar uma diretriz.

Quando minha intenção é divulgar alguma produção própria, como estudos ou artigos, costumo publicar o material em quatro redes socais. Geralmente, com texto e imagem idênticos. Ou seja, em caso de marketing pessoal, intuitivamente, considero que em cada uma das redes tenho um grupo diferente de seguidores. Pode até ser verdade para Linkedin, mas a duplicidade de público nas outras redes sociais é visível. De qualquer forma, divulgação nunca é demais... ou é?!

Quando quero fazer uma reflexão ou dar uma opinião de momento, dificilmente reproduzo nas diferentes plataformas. Nunca é uma decisão acadêmica a de publicar aqui ou ali, mas tem a ver com o conteúdo e a forma da mensagem, o humor da vez, e, mais interessante, o público-alvo.

Aqui está uma contradição inquietante: se entendo que o público que me segue nas diversas redes é geralmente o mesmo, então por que falar em público-alvo diferente em cada uma? Pois me parece que os jogadores são os mesmos, mas a forma de recepcionar a mensagem muda dependendo da arena em que estão.

Por exemplo: se o que tenho a dizer é algo alto astral e ilustrado por foto ou vídeo, a tendência é a de priorizar o Instagram. Se forem comentários sobre atualidades, notícias, então vou de Twitter. Quando a informação tem a ver com minhas atuações profissionais, daí vale o Linkedin. Já o Facebook fica com os extremos: bobeiras, fofocas, amenidades, de um lado; críticas, broncas e mau-humor, do outro.

Por essa razão, desliguei a opção de reprodução automática de publicações feitas no Instagram para o Facebook, reduzindo o apetite por curtidas e direcionando a mensagem ao ânimo dos receptores. Agora vem esse botão para poder liberar a visualização dos likes, e lá vamos nós tomar outra decisão sobre algo sem a menor importância, mas que impacta nossa rotina digital como se relevante fosse.

Ricardo Fotios é jornalista, professor universitário e pesquisador de temáticas relacionadas ao uso de tecnologias no ecossistema da comunicação e da cibercultura. É autor de Reportagem Orientada pelo Clique (Appris, 2018).