Fundação Padre Anchieta

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Políticos e influenciadores digitais fizeram uma faxina generalizada em suas redes sociais nos últimos dias. Publicações falando sobre compra de vacinas pelo Governo Federal foram apagadas dos perfis dessas personalidades após denúncia de corrupção em pelo menos duas encomendas de imunizantes. Mesmo deletadas, é possível afirmar do que tratavam porque as mensagens reapareceram minutos depois, só que em outras contas.

Não se trata de magia, mas de tecnologia que prevê redundância e latência. Resumidamente, essas duas palavras envolvem uma série de atributos para tornar a navegação na internet mais ágil. O primeiro termo quer dizer que um mesmo conteúdo é arquivado em mais de um ambiente na rede para garantir que seja facilmente acessado. O segundo é o que mede e permite otimizar o tempo, ou seja, a velocidade de uma navegação.

Imagine o caminho de um clique iniciado em São Paulo, tendo como exemplo o acesso a um site hospedado em máquinas na Grécia: precisa passar pela conexão do usuário (wi-fi, 4G etc), depois a do provedor de origem, depois acessar uma rede internacional, chegar até a localidade do site, acessar seus servidores e, finalmente, fazer todo o caminho de volta até entregar o conteúdo clicado na tela do visitante no Brasil.

Esse trajeto entre um ponto e outro da rede levaria muito tempo não fossem as providências das companhias no sentido de reduzir a latência. Basicamente, quanto menor for a latência, menor será o tempo necessário para que um dado trafegue de um lugar para outro. E manter “cópias” das informações em vários pontos dessa teia, a partir da redundância de dados, pode aproximar o conteúdo do usuário, reduzindo a latência. É exatamente o que acontece com plataformas e demais provedores de conteúdo.

O lugar mais próximo do cliente para manter uma cópia do serviço acessado é o próprio navegador do usuário, através do cache (pronuncia-se “cáche”). O atributo anda bem famoso por conta da LGPD - lei que obriga sites e plataformas a solicitarem autorização do usuário para gravar informações nesse local. Por definição, cache é o conjunto de itens semelhantes arquivados em um lugar escondido. Na prática, trata-se de uma memória auxiliar, que armazena localmente aquilo que é acessado para, numa próxima vez, entregar o conteúdo mais rapidamente.

Além do navegador, pode haver registros em cache nos computadores das operadoras e provedoras de acesso, nos diferentes centros de processamento de dados das empresas de conteúdo e serviços espalhados pelo mundo e até em servidores de outras empresas que, eventualmente, tenham interesse em arquivar aquele material.

No caso específico do Twitter, a plataforma informa em sua Central de Ajuda que tuítes “podem ser armazenados em cache ou publicados em sites, aplicativos ou mecanismos de busca de terceiros”. Ou seja, para que um tuíte desapareça completamente, todo o encadeamento de cache em rede teria de ser eliminado, o que não é trivial nem rápido.

Assim, enquanto um conteúdo não é exterminado, alguém pode encontrá-lo e reproduzi-lo novamente, colocando luz sobre algo que se queria manter na escuridão. Ironicamente, o cache - que pode ser traduzido como “esconderijo” – se torna um serviço importante para revelar material de interesse público.

No exemplo recente dos tuítes de políticos apagados e novamente mostrados, duas ferramentas protagonizaram a delação digital. Primeiramente, o @projeto7C0, que é um robô que vasculha o Twitter em busca de postagens apagadas por políticos e as publica em seu perfil na rede social. A outra é o Internet Archive, uma espécie de biblioteca virtual de tudo o que já passou pela internet, no mundo todo.

Ricardo Fotios é jornalista, professor universitário e pesquisador de temáticas relacionadas ao uso de tecnologias no ecossistema da comunicação e da cibercultura. É autor de Reportagem Orientada pelo Clique (Appris, 2018).