Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Reprodução/Instagram
Reprodução/Instagram

Nos últimos dias o jogador argentino, Lionel Messi, tem ocupado mais espaço nas manchetes esportivas do que quase todos os jogos que têm rolado por aí. Mais até do que muitos clubes. E não é pra menos. Messi, faz tempo, se tornou o principal fiel depositário da magia do futebol. Isso num tempo em que ter alguém à altura de vestir com dignidade uma camisa dez é muita coisa. Por força do hábito muitos não conseguirão driblar o que virou mania. Comparar o futebol dele com o de Cristiano Ronaldo etc e tal. Não caio nessa e em outros tempos já deixei aqui minha opção pelo argentino. Ainda que reconheça no português um atleta raro e com lugar garantido na história. Como também não quero especular sobre o destino do argentino. Pouco importa.

Seja qual for a camisa que ele venha a vestir a minha torcida é apenas para que ele nos mostre que ainda não perdeu o entusiasmo com o jogo. E que venha a aportar em um time com elenco capaz de lhe dar o suporte técnico que merece. O que não é fácil. A ausência dessas duas condições, ou uma delas que seja, pode redundar numa perda considerável para o futebol como um todo. Enquanto batuco estas linhas um programa de TV coloca um correspondente no ar pra dizer que o caso Messi pode levar à renúncia do presidente do clube catalão. Ao mesmo tempo em que as páginas de esportes elencam os fatos que teriam levado o craque a enviar à direção do clube a fatídica carta na qual externava sua vontade de partir.

Aliás, se há algo que mudou em Messi de uns tempos para cá foi justamente o fato de passar a falar, de deixar claro o que lhe incomoda e o que quer. E não só no clube catalão onde nos últimos tempos adotou uma postura dura até, mas também na seleção argentina. Basta lembrar o comportamento que teve na última Copa América. Ali parecia ter deixado de vez para trás o jeitão que durante tanto tempo o caracterizou. O de um cara tímido, calado. A idade, sabemos bem, costuma diminuir consideravelmente nossa paciência. E isso tem um lado bom pois se há alguém com envergadura nesse meio para comprar brigas esse cara é Lionel Messi. Enfim, na minha opinião, o que verdadeiramente importa neste momento não é o número de gols que ele marcou, os títulos que ganhou, as marcas incríveis que alcançou, muito menos os incensados seis títulos de melhor do mundo.

É o que Messi passou a significar a sua maior contribuição. A sua marca verdadeira. Um controle de bola mágico. Uma maneira de pensar o jogo que mais parece uma assinatura. A consciência disso, dessa condição tão distinta, se faz necessária, principalmente pra cortar pela raiz aquele tipo de comentário que nasce da falta de sucesso dele com a camisa argentina, da ausência da conquista de uma Copa do Mundo. Coisa que poderiam fazê-lo maior, mas que certamente não o fizeram menor. Podemos pensar o inverso também, como é que esse argentino conseguiu ser o que é sem nunca ter se visto na condição de campeão de uma Copa? Como, que fórmula é essa? Desconfio que o fato de ter nascido em Rosário é parte essencial dela.

Vladir Lemos é jornalista, apresentador Revista do Esporte e diretor de Esporte da TV Cultura.