Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Bolsonaro deve visitar a cidade no Norte italiano em 1º de novembroCâmara de vereadores de Anguillara Veneta decidiu conceder título de cidadão honorário ao presidente brasileiro, mesmo diante de protestos de parte da sociedade. Cidade é a terra natal de um dos bisavôs de Bolsonaro.Sob muita polêmica e resistência de parte da sociedade, a câmara de vereadores de uma pequena cidade no norte da Itália decidiu nesta segunda-feira (25/10) conceder o título de cidadão honorário ao presidente Jair Bolsonaro.

Foram nove votos a favor, três contra e uma abstenção. Durante a votação, houve protestos contra a homenagem do lado de fora da câmara. Uma petição online com mais de 2.600 assinaturas reivindicava que a honraria não seja concedida.

Políticos locais, ativistas e até grupos religiosos foram contra a homenagem, num momento em que o líder brasileiro é acusado de crimes contra a humanidade e outros delitos pela CPI da Pandemia no Senado.

A ideia de conceder o título a Bolsonaro partiu da prefeita de Anguillara Veneta, Alessandra Buoso, do partido ultradireitista Liga, o mesmo de Matteo Salvini.

O pequeno município de apenas 4 mil habitantes fica localizado na região do Vêneto. A 80 quilômetros de Veneza, a cidade é terra natal de um bisavô de Bolsonaro.

O mandatário viajará à Itália para participar da Cúpula do G2 em Roma, em 30 e 31 de outubro, acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e das Relações Exteriores, Carlos França, devendo estar em Anguillara Veneta em 1º de novembro. Além de receber o titulo de cidadão honorário, ele pretende visitar o cartório local, onde estão os registros de seus antepassados.

Prefeita diz que homenagem não é política

Buoso defendeu que a homenagem não tem motivação política. "Pensei nas pessoas da minha cidade que emigraram para o Brasil e construíram uma vida até chegar à Presidência, levando o nome de Anguillara Veneta para o mundo", disse a prefeita em entrevista à agência de notícias italiana Ansa, poucos dias atrás.

Questionada sobre os crimes imputados a Bolsonaro pela CPI da Pandemia, a política italiana afirmou não estar ciente das acusações. O relatório final da comissão no Senado brasileiro foi apresentado na última quarta-feira, mesmo dia em que Buoso assinou a proposta.

A opinião da política é endossada por Luciano Sandonà, do Conselho Regional do Vêneto. "O título de cidadão honorário é um gesto para enfatizar as origens vênetas de um presidente e muitos descendentes de emigrantes, não para expressar julgamentos sobre seu trabalho", disse, segundo o portal de notícias italiano Telenuovo.

Reação da classe política local

A homenagem provocou indignação em parte da classe política local. A parlamentar Vanessa Camani, integrante da assembleia legislativa regional do Vêneto, lançou uma campanha nas redes sociais contra o título de cidadão a Bolsonaro: "Não à cidadania a um racista, misógino e negacionista", protestou a integrante da direção nacional do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.

"Faz arrepiar a proposta da prefeita de Anguillara Veneta de conferir a cidadania honorária a Bolsonaro, conhecido pelos elogios à ditadura militar, pelo desprezo e ofensas a mulheres e homossexuais, pelas ameaças de prisão aos adversários políticos, ou pelas grotescas acusações contra ONGs pelos incêndios que devastaram a Amazônia", escreveu a deputada no Facebook.

Na postagem, Camani também condena a "obscena gestão de emergência da covid-19, que colocou Bolsonaro entre os protagonistas do negacionismo mundial". "Por favor, nos explique, prefeita de Anguillara, por qual desses motivos Bolsonaro merece ser cidadão honorário?", ironizou.

O secretário regional do Partido Democrático, Alessandro Bisato, também se pronunciou sobre a proposta da prefeitura: "Tal como aquele soldado japonês na ilha do Pacífico, sem saber do fim das hostilidades, a administração do município na área de Pádua não entende o declínio do populismo", declarou o político, citado pelo jornal Il Fatto Quotidiano.

"Pior, pressiona pelo reconhecimento público de um político alérgico à democracia e aos direitos civis, um negacionista da covid-19 e antivacina. Graças à política de Bolsonaro, os brasileiros hoje estão mais pobres, menos seguros e nas garras da covid."

Religiosos e ativistas também condenam

A nomeação também foi alvo de críticas de grupos religiosos e ativistas antibolsonaristas na Itália. Em carta à prefeita de Anguillara Veneta, padres missionários italianos baseados no Brasil manifestaram seu repúdio.

"Como cidadãos italianos que trabalham no Brasil há anos a serviço do povo brasileiro e da Igreja Católica brasileira (somos missionários, religiosos e 'Fidei Donum'), nos sentimos profundamente entristecidos e desconcertados. Nós nos perguntamos sobre quais méritos? Como um homem que durante anos, e continuamente, desonra seu país pode receber honra na Itália?", diz o texto, citado pelo portal de notícias UOL.

"Jair Bolsonaro é um presidente que está massacrando a vida do povo, especialmente dos mais pobres; ele criou uma política anti-covid (e ainda continua a fazê-lo) que produziu milhares de mortes, promove a destruição e vende as terras da Amazônia. Como pode um presidente que colabora com a destruição da Floresta Amazônica receber honras numa nação que luta pela preservação do planeta?", continua a carta.

Os padres seguem pedindo, então, que a cidade italiana não conceda o título. "Estamos profundamente ofendidos e exigimos a revogação desta honra. Não a Bolsonaro e sua política violenta e genocida!"

le/ek/av (ots)