Washington também aconselhou todos os americanos que estão na Ucrânia a deixarem o país no Leste Europeu, em meio a temores por parte dos EUA e da Europa de uma ação militar da Rússia. Moscou tem estimados 100 mil soldados estacionados na fronteira com o país vizinho, além de tanques, veículos de combate e armamentos.
"Há relatos de que a Rússia está planejando uma ação militar significativa contra a Ucrânia. Queremos que cidadãos americanos na Ucrânia saibam que as condições de segurança, particularmente nas fronteiras da Ucrânia, na Crimeia e em áreas do leste da Ucrânia controladas pela Rússia são 'imprevisíveis' e podem 'deteriorar-se' sem aviso prévio", advertiu o Departamento de Estado. "Uma ação militar da Rússia pode ocorrer a qualquer momento."
O comunicado afirmou ainda que os cidadãos americanos na Ucrânia devem estar cientes de que uma operação militar russa na Ucrânia afetaria gravemente a capacidade da embaixada americana para fornecer serviços consulares, incluindo assistência a americanos. Estima-se que entre 10 mil e 15 mil cidadãos dos EUA estejam em solo ucraniano. Por ora, a representação diplomática seguirá aberta.
Ucrânia diz que ordem dos EUA é prematura
O Ministério do Exterior da Ucrânia classificou a ordem dos EUA de "prematura e uma manifestação de cautela excessiva". "Não houve mudanças cardeais na situação de segurança recentemente: a ameaça de novas ondas de agressão russa tem permanecido constante desde 2014 e o acúmulo de tropas russas perto da fronteira começaram em abril do ano passado", afirmou.
O Kremlin negou repetidas vezes ter a intenção de invadir o país vizinho, mas faz aumentar as preocupações o fato de Moscou ter anexado uma parte do território ucraniano, a Crimeia, em 2014 e vir apoiando separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia desde então.
O Ocidente vê o envio das tropas russas para a fronteira ucraniana como uma preparação para uma guerra com o intuito de evitar que a Ucrânia entre para a Otan. Moscou exige garantias de que a aliança militar se comprometa com a não adesão da Ucrânia e em reduzir sua presença no Leste Europeu.
De acordo com o jornal The New York Times, o presidente Joe Biden cogita reforçar a presença militar americana em países aliados da Otan no Báltico e no Leste Europeu, com o envio de mil a 5 mil soldados para a região, além de navios de guerra e aeronaves. E o número de soldados poderia aumentar caso a situação se deteriorasse.
Após uma série de encontros diplomáticos nos últimos dias na tentativa de reduzir as tensões, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se reúne virtualmente nesta segunda com membros do Comitê de Assuntos Externos da União Europeia para discutir uma estratégia comum em relação à Rússia.
Blinken rejeitou a imposição imediata de sanções econômicas à Rússia, dizendo neste domingo que isso prejudicaria a capacidade do Ocidente de dissuadir uma possível agressão russa contra a Ucrânia.
Não se deve dramatizar, diz UE
Nesta segunda-feira, o alto representante da União Europeia (UE) para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, afirmou que o bloco não retirará os familiares de seus diplomatas na Ucrânia, apontando não haver necessidade de "dramatizar" a situação enquanto conversações com a Rússia prosseguem.
"Não faremos o mesmo [que os EUA] porque não sabemos de nenhuma razão específica", disse Borrel antes do encontro virtual com Blinken. "Não acho que tenhamos que dramatizar enquanto as negociações estiverem prosseguindo – e elas estão prosseguindo.”
Reino Unido segue os EUA
O Ministério do Exterior britânico, por sua vez, afirmou nesta segunda estar retirando alguns de seus funcionários e seus familiares de sua embaixada na Ucrânia em resposta à "ameaça crescente da Rússia". A representação diplomática permanecerá aberta para trabalho essencial, disse.
lf (AFP, Reuters, Efe, Lusa)
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