"Existe uma teoria de que poderiam ser munições de fósforo", disse Malyar em entrevista à televisão, acrescentando que "informações oficiais virão mais tarde".
O Ministério da Defesa da Rússia não se pronunciou imediatamente. Forças separatistas apoiadas por Moscou, por sua vez, negaram ter usado armas químicas enquanto tentavam tomar o controle de Mariupol, segundo a agência de notícias independente russa Interfax.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, também alertou que a Rússia poderia usar armas químicas na Ucrânia e disse que Kiev leva essa ameaça a sério.
"Hoje os ocupantes emitiram uma nova declaração, que testemunha sua preparação para uma nova fase de terror contra a Ucrânia e nossos defensores", disse Zelenski nesta terça-feira. "Um dos porta-vozes dos ocupantes afirmou que poderiam usar armas químicas contra os defensores de Mariupol. Levamos isso o mais a sério possível."
O Reino Unido e os Estados Unidos disseram estar cientes dos relatos de que Moscou pode ter usado agentes químicos em Mariupol, e Londres informou que já está trabalhando com parceiros para verificar esses relatos.
O ministro britânico das Forças Armadas, James Heappey, declarou que, se a informação for confirmada, o presidente russo, Vladimir Putin, "precisa saber que todas as opções possíveis estão sobre a mesa, em termos de como o Ocidente pode responder". "Algumas coisas estão além dos limites, e o uso de armas químicas terá uma resposta."
"Qualquer uso de tais armas seria uma escalada insensível neste conflito e vamos responsabilizar Putin e seu regime", acrescentou a secretária das Relações Exteriores do Reino Unido, Elizabeth Truss.
Já o secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, disse na segunda-feira que Washington estava ciente dos relatos, mas também não podia confirmá-los.
"Essas informações, se verdadeiras, são profundamente preocupantes e refletem as preocupações que tivemos sobre o potencial da Rússia em usar uma variedade de agentes de controle de distúrbios, incluindo gás lacrimogêneo misturado com agentes químicos, na Ucrânia", afirmou o americano.
"Drone com substância venenosa"
Os relatos surgiram pela primeira vez na segunda-feira, quando o Batalhão Azov, da Ucrânia, afirmou que um drone russo havia lançado uma "substância venenosa" sobre tropas e civis em Mariupol.
O batalhão alegou que as vítimas estavam com insuficiência respiratória e problemas neurológicos. "Três pessoas têm sinais claros de envenenamento por produtos químicos de guerra, mas sem consequências catastróficas", afirmou o líder do batalhão, Andrei Biletsky, em uma mensagem de vídeo no Telegram.
Ele acusou os russos de usarem armas químicas durante um ataque à grande usina metalúrgica Azovstal, perto do porto da cidade. Agências de notícias não conseguiram verificar as alegações, que foram compartilhadas por legisladores ucranianos.
Um assessor do prefeito de Mariupol reiterou no Telegram que o suposto ataque químico "não está confirmado no momento". "Estamos aguardando informações oficiais dos militares", escreveu Petro Andryushchenko.
Milhares de civis mortos
Cidade portuária estratégica localizada ao longo do Mar de Azov, Mariupol está sitiada desde o início de março, enquanto forças ucranianas alertam para sua queda iminente. O território controlado por Kiev diminuiu gradualmente para algumas áreas centrais, e os fuzileiros sobreviventes estão agora escondidos na siderúrgica Azovstal.
Os últimos soldados ucranianos em Mariupol disseram que estavam "ficando sem munição" na segunda-feira e que devem ser mortos ou feitos prisioneiros muito em breve pelas forças russas que cercam a cidade.
Vadym Boychenko, prefeito de Mariupol, disse à agência de notícias Associated Press que mais de 10 mil civis morreram na cidade e que o número pode ultrapassar 20 mil, já que semanas de ataques e privações deixam os corpos do povo de Mariupol "como tapetes pelas ruas".
Boychenko também acusou as forças russas de terem bloqueado a entrada de comboios humanitários na cidade por semanas na tentativa de esconder a carnificina do mundo exterior.
A Rússia nega ter cometido quaisquer crimes de guerra durante o que chama de operações militares especiais na Ucrânia.
ek/lf (AFP, Reuters, AP, ots)
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