"É preciso fazer uma pausa imediata nos combates para salvar vidas. Quanto mais esperarmos, mais vidas estarão em risco. Eles devem ser autorizados a sair agora, hoje. Amanhã será tarde demais", afirmou o coordenador da ONU na Ucrânia, Amin Awad, através de comunicado.
"As vidas de dezenas de milhares, incluindo mulheres, crianças e idosos, estão em jogo em Mariupol", destaca o texto.
O apelo ocorre um dia depois do fracasso da mais recente das muitas tentativas de retirar civis de Mariupol, enquanto parecem piorar as condições enfrentadas pelos combatentes ucranianos entrincheirados em túneis no subsolo da grande siderúrgica Azovstal.
Em uma postagem no Facebook, o assessor presidencial ucraniano Oleksi Arestovych disse neste domingo que as forças russas estão tentando invadir a Azovstal, em Mariupol, atacando por terra, com apoio aéreo e com bombardeio de artilharia. "As tropas russas estão tentando eliminar os defensores da Azovstal e mais de mil civis que estão refugiados na usina".
Bastião da resistência
A siderúrgica, localizada a sudeste de Mariupol, é o principal bastião remanescente da defesa ucraniana. Tropas russas cercaram a fábrica no início de março e foram tomando controle da maior parte da cidade.
Em uma mensagem nas redes sociais também neste domingo, Sviatoslav Palamar – vice-comandante do Regimento Azov, unidade de combatentes de extrema direita – disse que as forças russas continuaram os ataques contra a usina. "O inimigo continua com os bombardeios aéreos, com a artilharia do mar", afirmou. "Os tanques inimigos continuam a atacar, e a infantaria está tentando invadir", disse Palamar.
Mariupol, que o Kremlin afirma ter "libertado", é fundamental para os planos de guerra da Rússia de forjar uma passagem terrestre para a Crimeia, região anexada pelos russos – indo possivelmente além, até a Moldávia.
Páscoa ortodoxa
Mesmo enquanto os combates se alastravam em grandes áreas do país, os ucranianos reservavam tempo para celebrar a Páscoa dos cristãos ortodoxos. Sob a chuva, em uma posição militar na cidade oriental de Lyman, na linha de frente, os soldados trocaram a saudação patriótica habitual de "Glória à Ucrânia!" para o ritual "Cristo ressuscitou!". "Em verdade, ressuscitou!", foi a resposta.
Cantos e som de artilharia
Na pequena igreja ortodoxa da cidade, cerca de 50 civis arriscaram ser atingidor por um possível bombardeio para se reunir para rezar desde o amanhecer. O fogo de artilharia podia ser ouvido durante todo o canto dos salmos. "Se fizermos as escolhas erradas, a escuridão nos arruinará, pois a escuridão está nos destruindo durante esta guerra", disse o padre em seu sermão.
Em outros lugares da linha de frente, na cidade oriental de Severodonetsk, tropas ucranianas esconderam seu pequeno estoque de suprimentos debaixo de uma ponte depois de terem sido atingidos por morteiros russos durante a noite.
Junto com garrafas de água, de refrigerantes, Kalashnikovs e barras de cereais, três grandes pães de Páscoa cobertos de glacê e polvilhados com contas de açúcar multicoloridas os aguardavam, após uma envio de seu comandante.
Mortos após bombardeio em Odessa
As modestas celebrações da Páscoa ocorreram apenas um dia depois que um míssil atingiu um prédio residencial no porto de Odessa, no Mar Negro, matando oito pessoas e ferindo pelo menos 18, segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que disse que cinco mísseis atingiram a cidade histórica. "Vamos identificar todos os responsáveis por este ataque; os responsáveis pelo terror de mísseis da Rússia", disse.
O Ministério da Defesa da Rússia disse ter alvejado um grande depósito de armas estrangeiras perto de Odessa. Os ataques tiraram a relativa calma que a cidade desfruta desde o início da guerra. O ministério russo também acusou os serviços especiais ucranianos em Odessa de estarem preparando uma "provocação, com o uso de substâncias químicas tóxicas" que deveriam ser atribuídas à Rússia.
md (AFP, Lusa, Reuters)
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