"Esse indivíduo veio aqui com o propósito expresso de tirar o maior número de vidas negras que pudesse", disse o prefeito de Buffalo, Byron Brown.
"As evidências que obtivemos até agora não deixam dúvidas de que se trata de um crime de ódio absolutamente racista", afirmou no domingo Joseph Gramaglia, comissário de polícia da cidade.
Gramaglia declarou a repórteres que o suspeito fez um "reconhecimento" da área de população predominantemente negra nos arredores do supermercado Tops Friendly Market e dirigiu mais de 300 quilômetros da cidade onde vive, Conklin, até o local.
O jovem estava armado com um fuzil do tipo AR-15 e vestia roupas militares e um colete a prova de balas. Ele abriu fogo no supermercado e transmitiu o massacre ao vivo pela plataforma Twitch, da Amazon. A maioria dos dez mortos e três feridos eram negros.
Quando policiais entraram no supermercado, o jovem apontou a arma para seu próprio pescoço antes de se entregar e ser preso.
Gramaglia afirmou que, no ano passado, o rapaz fez "ameaças generalizadas" na escola onde estudava e foi encaminhado pela polícia a um hospital para avaliação de sua saúde mental, que durou cerca de um dia e meio. Depois disso, ele foi liberado.
"Vidas negras importam"
Neste domingo, moradores de Buffalo fizeram uma vigília diante do supermercado que foi palco do ataque. Indignados, participantes gritaram o slogan "Vidas negras importam" ("Black lives matter") e criticaram o fácil acesso a armas poderosas e a violência racista no país.
Entre as vítimas estava uma mulher de 86 anos, que acabara de visitar o marido numa casa de repouso, e um funcionário da segurança do supermercado – ambos negros.
O presidente Joe Biden condenou o extremismo racista e o "ódio que permanece como uma mancha na alma dos Estados Unidos". Segundo a Casa Branca, Biden visitará Buffalo nesta terça-feira.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, que é nascida em Buffalo, descreveu o ocorrido como uma "execução de estilo militar". Ela afirmou que mensagens racistas se espalham "como fogo", especialmente na internet, e exigiu que empresas de tecnologia esclareçam se fizeram "todo o humanamente possível" para assegurar que estão monitorando conteúdos violentos assim que estes aparecem, ameaçando puni-las.
O Twitch afirmou que suspendeu a transmissão do massacre "menos de dois minutos após o início da violência". Autoridades investigam se o atirador publicou um manifesto antes do ataque, que teria posicionamentos racistas, como a suposta "teoria da substituição" – a ideia de que brancos estariam sendo substituídos por outras minorias nos EUA e em outros países.
Horas depois do incidente em Buffalo, um ataque a tiros numa igreja nos arredores de Los Angeles deixou um morto e quatro gravemente feridos no domingo. A maioria das vítimas é de descendência taiwanesa, mas autoridades ainda investigam se foram alvo por esse motivo.
lf (AP, AFP)
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