O acoplamento do CST-100 Starliner com o posto avançado de pesquisa orbital, atualmente tripulado por sete astronautas, ocorreu quase 26 horas após o lançamento da cápsula do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, na Flórida.
A Starliner decolou na quinta-feira, sendo levada por um foguete Atlas V fornecido pela joint venture Boeing-Lockheed Martin United Launch Alliance (ULA) e atingiu a sua órbita preliminar 31 minutos depois, apesar da falha de dois propulsores a bordo.
A Boeing disse que os dois propulsores defeituosos não representaram risco para o resto do voo espacial, realizado depois de mais de dois anos de atrasos e dispendiosos contratempos de engenharia em um programa projetado para dar à Nasa uma alternativa à cápsula Crew Dragon, da SpaceX, para transporte dos seus astronautas à ISS.
O acoplamento ocorreu quando os dois veículos voavam a 436 quilômetros sobre o sul do Oceano Índico, ao largo da costa da Austrália, de acordo com comentaristas da Nasa.
A atracagem marca a primeira vez que espaçonaves de ambos os parceiros da Nasa no seu programa de tripulação comercial estão fisicamente ligadas à estação espacial ao mesmo tempo. Uma cápsula Crew Dragon da SpaceX está atracada na estação espacial desde o transporte de quatro astronautas para a ISS no final de abril.
Reputação em jogo
O sucesso da missão é fundamental para reparar a reputação da Boeing, prejudicada desde um primeiro fracasso, durante um voo teste em 2019. Na ocasião, a tentativa de acoplamento à ISS falhou por erros de software, que geraram uma queima excessiva de combustível que quase provocou a perda do veículo e frustrou a capacidade de a espaçonave de chegar a seu destino.
Problemas subsequentes com o sistema de propulsão do Starliner, fornecido pela Aerojet Rocketdyne, levou ao adiamento, em agosto passado, de uma segunda tentativa de lançar a cápsula, momentos antes da decolagem.
A meta da Nasa é certificar a Starliner como um segundo serviço de transporte para os astronautas até a ISS, função que já é exercida pela SpaceX, do bilionário Elon Musk, desde o êxito em 2020 de sua missão de teste com a cápsula Dragon.
As duas empresas receberam em 2014 contratos com valores fixos de 4,2 bilhões de dólares para a Boeing e 2,6 bilhões de dólares para a SpaceXs, pouco tempo depois do encerramento do programa do ônibus espacial, em uma época em que os Estados Unidos dependiam dos foguetes russos Soyuz para chegar ao laboratório orbital.
A gigante aeroespacial americana Boeing era tida como uma aposta segura, em comparação com a novata SpaceX. Mas a empresa de Musk enviou recentemente sua quarta tripulação de rotina para a plataforma de pesquisas, enquanto os atrasos no desenvolvimento da Boeing custaram à empresa centenas de milhões de dólares.
Boneca a bordo
A cápsula da Boeing está programada para partir da estação espacial na quarta-feira para a viagem de retorno à Terra, terminando com um pouso com paraquedas gigantes no deserto do Novo México.
Se tudo correr bem com a missão atual, a Starliner poderá levar sua primeira equipe de astronautas para a estação espacial no segundo semestre deste ano.
Por enquanto, o único passageiro da Starliner é a boneca de pesquisa, chamada Rosie the Rocketeer. Vestida com um traje de voo, amarrada no assento do comandante, ela tem a função de coletar dados sobre as condições da cabine da tripulação durante a viagem. Além disso, a cápsula transporta 363 quilos de carga e suprimentos para a estação espacial.
md (AFP, Reuters)
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