Abe, que foi o mais longevo primeiro-ministro da história do Japão, estava fazendo um discurso diante de uma estação de trem em Nara, no oeste do país, quando dois tiros foram disparados, por volta das 11h30 (hora local).
Segundo a imprensa do país, um homem que estava atrás de Abe abriu fogo com uma arma aparentemente caseira. Ele foi detido por forças de segurança em seguida.
O atual primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, condenou o ataque, e líderes internacionais expressaram choque diante do atentado em um país no qual a violência política é rara e armas de fogo são rigidamente controladas.
"Este ataque é um ato de brutalidade que aconteceu durante as eleições – o fundamento da nossa democracia – e é absolutamente imperdoável", disse Kishida, acrescentando ainda não ter informações sobre a motivação do atentado.
Um porta-voz do Corpo de Bombeiros afirmou que Abe parecia estar num estado de parada cardíaca quando foi transportado de helicóptero para um hospital.
A polícia afirmou que um homem de 41 anos, residente em Nara, suspeito de executar o ataque foi detido. A emissora NHK noticiou que o suspeito, identificado como Tetsuya Yamagami, disse à polícia que estava insatisfeito com Abe e queria matá-lo. Segundo a mídia, o homem serviu ao Exército japonês por três anos, até 2005.
"Houve um barulho alto e depois fumaça", disse o empresário Makoto Ichikawa, que estava no local do ataque, à agência de notícia Reuters, apontando que a arma tinha o tamanho de uma câmera de televisão.
A agência de notícia Kyodo publicou uma foto de Abe deitado de barriga para cima na rua, com sangue em sua camisa branca. Uma multidão o rodeava, e uma pessoa realizava massagem cardíaca. Os serviços de emergência de Nara afirmaram que Abe foi ferido no lado direito do pescoço e na clavícula esquerda.
Após dois mandatos como premiê, a partir de 2012, Abe renunciou em 2020 citando motivos de saúde. Mas ele se manteve como uma figura influente no Partido Liberal Democrata. Kishida, apadrinhado político de Abe, suspendeu sua campanha eleitoral após o atentado contra o ex-premiê. Todos os principais partidos do país condenaram o ataque.
Ataque sem precedentes
Airo Hino, professor de Ciências Políticas na Universidade Waseda afirmou que um ataque a tiros desse tipo é algo sem precedentes no Japão. "Nunca ocorreu algo assim", disse.
Políticos japoneses de alto escalão são acompanhados por agentes de segurança armados, mas frequentemente chegam perto do público, especialmente durante campanhas políticas, quando fazem discursos e dão a mão para cidadãos.
Condenação internacional
Líderes internacionais manifestaram choque e solidariedade após o ataque a Shinzo Abe.
"A França está com o povo japonês", afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, num texto divulgado no Twitter.
"Estou chocada com a notícia do ataque contra Shinzo Abe", disse a ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, expressou "comoção" em relação ao atentado que considerou "covarde".
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se disse profundamente chocado com o "odioso" atentado contra Abe.
lf (Reuters, AFP, Lusa)
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