"Temos uma posição: somos contra o aborto, contra a 'ideologia de gênero', contra a liberação das drogas e somos defensores da família brasileira", declarou o presidente, em cima de um trio elétrico.
O termo "ideologia de gênero" é uma expressão sem base acadêmica usada para desqualificar pesquisas que ajudam a corrigir desigualdades de gênero e discriminações no cotidiano. Nos últimos anos, Bolsonaro se apropriou do tema para fins políticos, promovendo desinformação e usando o termo para atacar a educação sexual nas escolas, por exemplo.
"Nós [cristãos] somos a maioria do país, a maioria do bem. E nessa guerra do bem contra o mal, o bem vencerá mais uma vez", continuou o presidente, que é pré-candidato à reeleição e aparece atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto.
Bolsonaro falou ainda sobre o risco de o país acabar como outros vizinhos latino-americanos que são governados pela esquerda ou elegeram esquerdistas recentemente, dizendo esperar que o povo brasileiro não experimente "as dores do socialismo".
"Vejam como vivem nossos irmãos na Venezuela. Como estão indo outros países, como Argentina, Chile e Colômbia. Nós não queremos isso para o nosso Brasil. O Brasil é uma potência em todos os aspectos, em especial no ser humano, que habita aqui", afirmou.
Ele fez ainda uma aparente referência indireta à situação econômica do país, ao dizer que "problemas todos nós temos por aqui", mas que "os materiais são passageiros". "Os espirituais devemos nos preocupar sim. Só um homem ou uma mulher com liberdade pode viver em felicidade", completou.
No evento, Bolsonaro esteve acompanhado de alguns aliados, como o ex-ministro de Infraestrutura e candidato ao governo paulista pelo PL Tarcísio de Freitas, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e o deputado federal e pastor Marco Feliciano (PL-SP).
Após o breve discurso, Bolsonaro desceu rapidamente do trio para cumprimentar alguns apoiadores, muitos deles vestindo verde e amarelo, e posar para fotos.
A marcha
A Marcha para Jesus é a maior manifestação pública de evangélicos do país e completa 30 anos em 2022. Nos dois anos anteriores, devido à pandemia de covid-19, o evento mudou de formato e se resumiu a carreatas que acabaram diminuindo seu tamanho.
Neste sábado, a marcha consistiu em um percurso de 3,5 quilômetros desde a estação da Luz, no centro de São Paulo, até a praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na zona norte, onde vários shows gospel estão programados para ocorrer até a noite.
O jornal Folha de S. Paulo apurou que esta edição da Marcha para Jesus recebeu R$ 1,7 milhão em emendas de vereadores paulistanos.
Bolsonaro foi à sua primeira marcha em 2018, ainda como candidato à Presidência e sem ter convencido os grandes líderes evangélicos do país, que só aderiram à sua campanha mais tarde. Em 2019, ele se tornou o primeiro presidente da República a participar do evento.
ek (ots)
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