Coalizão do premiê Fumio Kishida deve vencer com folga votação ofuscada pelo assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. Suspeito de ataque diz que agiu por ódio a grupo religioso.Eleitores japoneses foram às urnas neste domingo (10/07) para eleger os integrantes da câmara alta do Parlamento com o país ainda em choque pelo assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe durante um evento de campanha na cidade de Nara, no oeste do Japão.
De acordo com as projeções divulgadas logo após o fechamento dos locais de votação, a aliança governista deve conquistar entre 69 e 83 assentos dos 125 em votação, conforme números da emissora NHK.
O Partido Liberal Democrata (PLD) de Abe, que sustenta o governo do primeiro-ministro Fumio Kishida, e seu parceiro menor de coalizão, Komeito, devem obter, assim, uma vitória clara no pleito. A aliança atualmente detêm a maioria na segunda câmara assim como na câmara alta do Parlamento.
Uma vitória clara fortaleceria o poder de Kishida em um momento em que a recuperação econômica do Japão após a pandemia de coronavírus é ameaçada pelo aumento dos preços da energia e dos alimentos. Face à invasão da Ucrânia pela Rússia e as pretensões de poder da China, seu partido reivindica um aumento acentuado nos gastos militares.
Susposto ódio a grupo religioso
Tetsuya Yamagami, de 41 anos, o homem suspeito de matar Abe num ataque a tiros durante um comício eleitoral apenas dois dias antes da eleição, disse à polícia que tentou construir uma bomba.
Neste domingo, a polícia revistou a casa dele em Nara, confiscando armas semelhantes à encontrada no local do atentado. Ele disse após ser preso que agiu por ódio a um grupo religioso que apoiava Abe, segundo relatos.
A mídia local informou que a família de Yamagami sofreu problemas financeiros como resultado das doações de sua mãe ao grupo.
Ele teria visitado na quinta-feira a região de Okayama, no oeste do país, com a intenção de matar Abe em um outro evento, mas desistiu porque os participantes tinham que se registrar com seus nomes e endereços.
Segurança reforçada
A polícia japonesa aumentou drasticamente sua presença nos eventos eleitorais após o assassinato de Abe, em contraste com a prática anterior, quando os políticos costumavam manter um contato próximo com o eleitorado durante a campanha.
Durante os últimos eventos eleitorais do premiê japonês, Fumio Kishida, nas prefeituras de Yamanashi e Niigata, a polícia esteve bastante em evidência, e o público foi revistado com detectores de metal. "Nunca cederemos à violência. Que a democracia nos proteja", disse o premiê japonês.
Com poucos crimes violentos e leis severas de armamentos, a segurança em eventos de campanha japoneses costuma ser pouco restrita.
A segurança nos locais de votação neste domingo permaneceu normal.
A partir das 14h (hora local), a participação dos eleitores era de 18,79%, ligeiramente superior à última eleição para a câmara alta, há três anos.
Velório e funeral de Abe
O corpo de Abe chegou a Tóquio no sábado vindo de Nara, no oeste do país, onde ele foi morto a tiros um dia antes.
O assassinato abalou a nação e chocou a comunidade internacional, provocando uma onda de simpatia até mesmo de nações com as quais Abe tinha relações difíceis, como China e Coreia do Sul.
Abe fazia campanha para seu partido na região de Nara quando foi morto. A polícia local admitiu no sábado "problemas" com o esquema de segurança planejado para o ex-premiê e prometeu uma "investigação completa" sobre as possíveis falhas.
O escritório de Abe disse à agência de notícias AFP que um velório será realizado na noite de segunda-feira, com um funeral para familiares e amigos próximos apenas na terça-feira. A mídia local disse que ambos deveriam ser realizados no Templo Zojoji, em Tóquio.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que está na Ásia para reuniões, fará uma parada em Tóquio na segunda-feira para oferecer condolências pessoalmente, disse o Departamento de Estado americano.
md (DPA, AFP)
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