No aniversário de 27 anos do massacre, pela primeira vez o governo em Amsterdã reconheceu o fracasso das forças de paz holandesas em evitar os assassinatos e se desculpou com os sobreviventes.
"A comunidade internacional não ofereceu proteção adequada ao povo de Srebrenica. O governo holandês compartilha a responsabilidade pela situação em que esse fracasso ocorreu. E por isso, oferecemos nossas mais profundas desculpas", afirmou a ministra da Defesa holandesa, Kajsa Ollongren.
Aos sobreviventes, ela reconheceu que "os eventos de 1995 levaram a um profundo sofrimento que é palpável até hoje". "Não podemos aliviá-los desse sofrimento. Mas o que podemos fazer é olhar a história diretamente nos olhos", completou a ministra.
A declaração foi proferida durante uma cerimônia em Potocari, um vilarejo nos arredores de Srebrenica onde forças da ONU tinham uma base na época do conflito.
No evento para lembrar o 27º aniversário da atrocidade, 50 vítimas recém-identificadas foram ainda homenageadas e sepultadas.
O massacre
O massacre de Srebrenica ocorreu no final da Guerra da Bósnia (entre 1992 e 1995), conflito no qual sérvios lutaram contra bósnios e croatas.
Em 11 de julho de 1995, forças militares e paramilitares sérvias da Bósnia invadiram a zona de proteção holandesa da ONU na cidade de Srebrenica, no leste da Bósnia, e em poucos dias mataram cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos.
Seus corpos foram jogados em dezenas de valas comuns. Restos mortais de milhares de vítimas já foram encontrados e identificados. Nos últimos anos, a descoberta de novos corpos tornou-se rara, embora cerca de 1.200 pessoas ainda não tenham sido encontradas, segundo o Instituto de Desaparecidos da Bósnia-Herzegovina.
As forças de manutenção da paz, o governo holandês e as Nações Unidas enfrentaram críticas contundentes por seu fracasso em evitar os assassinatos em 1995.
O massacre, considerado um ato de genocídio pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), foi a pior atrocidade da Guerra da Bósnia, na qual cerca de 100 mil pessoas morreram ao todo.
O ex-líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic e o chefe militar sérvio-bósnio Ratko Mladic foram responsabilizados pelo massacre e condenados à prisão perpétua por crimes de guerra.
Desculpa aos soldados
Os tribunais holandeses já haviam determinado que a Holanda foi parcialmente responsável pelo massacre de Srebrenica, e uma compensação foi paga aos sobreviventes.
No mês passado, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, já havia pedido desculpas pelo tratamento do governo a centenas de soldados holandeses que foram enviados para defender o enclave de Srebrenica durante a guerra.
Rutte admitiu que a unidade Dutchbat III recebeu uma "missão impossível" de manter a paz no leste da Bósnia sem recursos suficientes.
ek (AP, AFP, DPA, Reuters)
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