García coordenou uma missão do grupo que esteve na semana passada no Brasil e que incluiu os eurodeputados portugueses Pedro Marques e Maria Manuel Leitão Marques e o espanhol Javi López. Durante os quatro dias em que estiveram em São Paulo, os políticos europeus se reuniram com representantes de movimentos sociais e da sociedade civil e tiveram um encontro exclusivo com o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
"Nossa viagem ao Brasil foi voltada a trabalhar nos desafios comuns do Brasil e da União Europeia. Ao mesmo tempo, estamos muito preocupados com a deterioração da democracia no Brasil", afirmou García.
Em entrevista à DW Brasil, a eurodeputada avaliou os quatro anos do governo Bolsonaro, falou sobre o encontro com Lula e as expectativas do grupo em relação às eleições no Brasil.
DW Brasil: Qual foi o objetivo da viagem ao Brasil?
Iratxe García: Nossa viagem foi voltada a trabalhar nos desafios comuns do Brasil e da União Europeia. Ao mesmo tempo, estamos muito preocupados com a deterioração da democracia no Brasil. O governo Bolsonaro busca claramente destruir a democracia. Neste momento, Bolsonaro tem colocado em dúvida a legitimidade de possíveis resultados das eleições. É importante mandar a mensagem clara de que o Brasil é uma grande democracia.
Ao mesmo tempo, a deterioração da dimensão social no Brasil é muito clara. A pobreza aumentou muito nos últimos anos. É muito importante trabalharmos nesses desafios comuns contra a pobreza e mudanças climáticas. Acho que podemos trabalhar juntos com perspectiva progressista num caminho comum para as dimensões globais e internacionais.
Como foi o encontro com Lula? Por que os senhores acharam importante incluir um encontro com ele nesta viagem?
Em novembro passado, convidamos o Lula para participar de um evento no Parlamento Europeu, no qual ele deixou bem claro como a Europa pode contribuir para construir uma aliança com o Brasil. Ele dá muita atenção ao clima e à diversidade. Precisamos nos unir para defender um bom trabalho neste caminho.
A guerra na Ucrânia foi tema deste encontro?
O Lula está atento com o que tem acontecido na guerra na Ucrânia. Ele foi bem claro na defesa da paz e dos direitos humanos contra essa guerra. Foi uma boa oportunidade para expormos nossos diferentes pontos de vista. No encontro, também conversamos sobre nossos objetivos comuns na defesa dos direitos humanos, da democracia, e da dimensão social.
Quais são as expectativas que os senhores têm em relação às eleições no Brasil?
Atualmente, as pesquisas indicam que Lula deve ganhar as eleições, mas, seja como for, nada está garantido até o último momento. Temos que esperar os resultados, porque o Bolsonaro é muito populista. Ele está agora usando novas medidas, incluindo programas sociais e os subsídios para os pobres. Ele tem feito isso porque sabe que pode perder as eleições. Esses populismos são muito perigosos num momento eleitoral.
Como a senhora avalia esses quatro anos de governo Bolsonaro?
Houve uma clara deterioração da democracia no Brasil. O governo Bolsonaro é um grande exemplo de como o populismo de extrema direita pode agir e atacar a democracia e os direitos sociais. Ao analisar os números da pobreza, fica claro que o governo Bolsonaro provocou o aumento da pobreza. O ataque aos direitos da mulher é outro exemplo de como o populismo de extrema direita age. O governo Bolsonaro claramente atacou os diretos das mulheres e também o clima.
O que está acontecendo na Amazônia neste momento é um desastre. Não só para o Brasil, mas para todo o mundo. Precisamos defender e salvar a Amazônia. Com o Bolsonaro não é possível garantir isso, por isso é necessária uma mudança de governo e a eleição de Lula.
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