O episódio ocorreu quando uma equipe de TV da DW Español cobria um bloqueio no estado do Paraná. Na ocasião, um manifestante concordou em conceder entrevista e explicar suas razões para se opor ao presidente eleito.
Segundo o jornalista Risco, no local era possível ouvir bolsonaristas gritando palavras de ordem pedindo uma "intervenção militar". Os manifestantes no local afirmavam que um golpe seria necessário para evitar que o país caia nas mãos dos "comunistas".
Pouco depois de iniciada a entrevista, outros manifestantes mais agressivos se aproximaram, exigindo que a entrevista fosse transmitida ao vivo. Ele justificaram a exigência afirmando que "não queriam nenhum tipo de edição".
Enquanto isso, um dos bolsonaristas começou a procurar informações sobre a DW na internet. Pouco depois, ele afirmou que encontrou um texto e gritou para os outros: " [O texto] fala bem de Lula". Risco afirmou que não sabe qual texto seria esse.
"O grupo então nos obrigou a apagar as imagens, nos intimidando. Ele também verificaram se elas haviam sido mesmo excluídas. Só conseguimos salvar algumas fotos", compartilhou Risco em sua conta pessoal no Twitter.
"A atmosfera de repente ficou tensa e hostil. Felizmente, conseguimos sair sem maiores problemas", acrescentou.
Após ser derrotado nas urnas, Bolsonaro permaneceu 44 horas sem emitir qualquer manifestação pública sobre sua derrota nas urnas e a vitória do seu adversário Lula.
Esse "silêncio" inicial do político de extrema direita acabou servindo como deixa para que apoiadores extremistas do presidente promovessem atos de rebelião para tentar reverter o resultado da votação.
Poucas horas após o anúncio do resultado, ainda no domingo, bolsonaristas começaram a montar bloqueios em várias rodovias do país. Na terça-feira, o país amanheceu com cerca de 400 pontos de obstrução.
Nas redes bolsonaristas da internet, apoiadores extremistas do presidente interpretaram a atitude inicial por parte do presidente como parte de uma estratégia ampla de ganhar tempo e assim criar condições para uma reversão da derrota.
O movimento ganhou amplitude especialmente na segunda-feira diante da reação inicial tímida da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que responde diretamente ao Ministério da Justiça.
jps/bl (ots)
REDES SOCIAIS