"A maior parte das revisões regulamentares e o enquadramento para as concessões não foram emendas constitucionais, mas revertê-las por completo implicaria uma maioria simples no Congresso, de que o Partidos dos Trabalhadores (PT) não dispõe", apontaram os analistas da agência de rating , numa nota sobre o que esperar do próximo governo brasileiro divulgada neste domingo (06/10).
"Devido a sua fraquíssima capacidade para investir, acreditamos que o governo de Lula não terá incentivos para reverter completamente as mudanças promovidas pelo governo de Bolsonaro, que levaram a níveis mais elevados de investimentos do setor privado nos últimos anos."
Medidas anti-inflacionárias comprometem financiamento
Na nota enviada aos investidores, a que a agência de notícias Lusa teve acesso, a S&P salienta que não espera uma aceleração significativa no crescimento da economia brasileira, frisando, pelo contrário, que o desempenho econômico é uma principais fraquezas do ponto de vista da análise da qualidade do crédito.
"Apesar de as âncoras institucionais serem relativamente estáveis, da estrutura econômica diversificada e de um forte setor externo, a tendência de crescimento do Brasil está estimada em 1,8% entre 2022 e 2024", diz a S&P, que reviu a previsão de crescimento do Brasil para este ano, de 0,8% para 2,5%.
"Os esforços das autoridades monetárias para conter a inflação vão resultar em condições mais adversas para o financiamento doméstico e global, o que abrandará o crescimento para 0,6% em 2023."
PIB cresce, mas abaixo da média mundial
Os analistas estimam ainda que, com novas políticas macroeconômicas e condições de financiamento mais favoráveis, o PIB pode acelerar para um crescimento de 2% em 2024 e 2025. Apesar de ser positivo face à expansão média de 0,4% entre 2012 e 2021, o índice está ainda bem abaixo da média dos mercados emergentes no nível mundial.
Em contraste, logo após ser eleito, o petista esboçou metas econômicas ambiciosas para o país, por exemplo em relação ao acordo de livre-comércio Mercosul-União Europeia.
"Queremos um comércio internacional mais justo [...] Não nos interessam acordos comerciais que condenem nosso país ao eterno papel de exportador de commodities e matéria-prima"; em vez disso, o Brasil precisa ser reindustrializado, frisou em seu discurso de vitória.
Em sua coluna para a DW, às vésperas do segundo turno, o jornalista econômico Alexander Busch também se mostrava otimista: "Se o atual ambiente político explosivo voltar a se acalmar depois das eleições, o governo que assumir em 1º de janeiro terá uma boa situação econômica na largada. Só precisará saber aproveitá-la."
Luiz Inácio Lula da Silva ganhou as eleições presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos. Ele assumirá novamente a Presidência do Brasil em 1º de janeiro de 2023, após dois mandatos entre 2003 e 2010.
av (Lusa,DW)
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