Zelenski destacou que a Ucrânia "nunca se renderá" à Rússia e que, "contra todas as probabilidades", o o país ainda está de pé, depois de ser recebido com entusiasmo pelos congressistas, que o aplaudiram de pé em diversos momentos durante seu pronunciamento no Capitólio dos Estados Unidos.
"A Ucrânia está viva e lutando", sublinhou. "A tirania russa já não tem qualquer controle sobre nós", acrescentou o líder ucraniano num discurso em inglês de 20 minutos, que fechou a primeira viagem dele ao exterior desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
"Teste para a democracia"
Zelenski ressaltou que o que está em jogo no conflito é maior do que apenas o destino do seu país, salientando que a democracia em todo o mundo está sendo testada. "Esta batalha não pode ser ignorada, à espera que o oceano ou qualquer outra coisa forneça proteção", frisou, agradecendo aos americanos pelo apoio e a liderança internacional na ajuda à Ucrânia.
Em referência ao moderno sistema de defesa antiaérea Patriot, que os EUA vão entregar a Kiev, Zelenski disse esperar que este ajude a "parar o terror russo contra as cidades" ucranianas.
O discurso do presidente ucraniano diante do Congresso americano acontece enquanto os legisladores dos EUA trabalham para aprovar um pacote de gastos governamentais de 1,7 trilhão de dólares (R$ 8,8 trilhões), que inclui quase 45 bilhões de dólares (R$ 234 bilhões) em ajuda militar e humanitária para a Ucrânia.
Isso garantiria que o apoio dos EUA continue no próximo ano e além, após os republicanos assumirem o controle da Câmara em janeiro.
Os EUA também fornecerão à Ucrânia uma ajuda de segurança adicional de 1,85 bilhão (R$ 9,6 bilhões) de dólares, que inclui o moderno sistema de defesa antimísseis Patriot.
O líder ucraniano presenteou os legisladores americanos com uma bandeira ucraniana autografada pelas tropas da linha de frente em Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde as tropas ucranianas e russas travam há meses uma batalha feroz.
Zelenski disse aos membros do Congresso que o próximo ano será um "ponto de virada" no conflito, "quando a coragem ucraniana e a determinação americana devem garantir o futuro de nossa liberdade comum — a liberdade das pessoas que defendem seus valores".
Encontro com Biden na Casa Branca
O discurso perante o Congresso foi a segunda parada da visita a Washington, depois de Zelenski ter sido recebido na Casa Branca pelo presidente americano, Joe Biden, onde recebeu garantias de apoio duradouro por parte dos EUA.
"Continuaremos a reforçar a habilidade ucraniana de defender a si mesma, particularmente, na defesa aérea", disse Biden ao lado de Zelenski no Salão Oval afirmando que o presidente russo, Vladimir Putin, estaria "tentando usar o inverno no Hemisfério Norte como arma, mas o povo ucraniano continua a inspirar o mundo".
"Digo isso com sinceridade, [o povo ucraniano] não apenas nos inspira, mas também a todo o mundo com sua coragem e pelo modo como escolheram a resiliência e determinação em prol de seu futuro"
O ucraniano, por sua vez, agradeceu Biden pelo "enorme apoio e liderança através da Europa". "Acho muito difícil compreender o que significa quando dizemos que estamos agradecidos, mas vocês devem sentir isso", afirmou.
Zelenski presenteou Biden com uma medalha do mérito militar que seria entregue a um capitão ucraniano, um "herói verdadeiro", segundo afirmou, que opera sistemas de defesa Himars nas frentes de batalha. "Ele é muito corajoso, e pediu que eu entregasse [a honraria] ao corajoso presidente", afirmou.
Mais tarde, os dois líderes realizaram uma conferência de imprensa conjunta, na qual Biden assegurou que a Ucrânia jamais ficará sozinha e ressaltou que o país "luta por algo muito maior".
"Não se preocupe, presidente, estaremos com a Ucrânia enquanto a Ucrânia existir", disse o americano ao colega. "Juntos, não tenho dúvidas de que manteremos luminosa a chama da liberdade e essa luz continuará a prevalecer sobre as trevas."
Lembranças de Churchill
Parlamentares americanos compararam visita de Zelenski, pouco antes do Natal, com a presença do ex-premiê britânico Winston Churchill no Capitólio, em dezembro de 1941, dias após o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor, que levou os EUA a entrarem na Segunda Guerra Mundial.
"É particularmente tocante para mim estar presente quando outro líder heroico falar ao Congresso em tempos de guerra, com a própria democracia ameaçada", disse a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.
md/rk (Lusa, Reuters, AFP, AP, DPA)
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