"Estamos experimentando a primeira onda endêmica do Sars-CoV-2 neste inverno. E, com ela, na minha opinião, a pandemia acabou", disse Drosten, que é chefe de virologia no Hospital Universitário Charité, de Berlim, e é considerado uma das principais referências em covid-19 na Alemanha. Em janeiro de 2020, Dorsten, com outros cientistas, projetou o primeiro teste de diagnóstico simples para covid-19.
Drosten considera que, após este inverno na Alemanha, a imunidade da população será tão ampla e resiliente que o vírus terá poucas chances de causar novas ondas no verão europeu. Uma doença endêmica é aquela que continua circulando de forma estável e causando pequenos surtos sazonais, mas sem a mesma escala disruptiva e global de uma pandemia.
Em suas falas ao Tagesspiegel, Drosten apontou apenas um porém em sua avaliação: outra mutação no coronavírus. "Mas não espero que isso aconteça agora", acrescentou.
Drosten ainda defendeu as medidas de contenção do vírus que foram impostas ao longo da pandemia. Segundo ele, elas nunca foram implementadas para parar a pandemia. Desde o início ficou claro que isso não era possível. "Mas se nada tivesse sido feito, haveria um milhão de mortes ou mais na Alemanha nas ondas até a Delta (variante do vírus".
Questionado sobre a situação na China, onde o número de casos aumentou de forma alarmante após o afrouxamento de restrições, o virologista destacou o resultado decisivo das campanhas de vacinação na Alemanha e na Europa. "O grande erro da China foi que a população, principalmente os idosos, não foi informada sobre a vacinação", disse.
Reações
A entrevista de Drosten, que será publicada na edição de terça-feira do jornal Tagesspiegel, mas que teve trechos divulgados nesta segunda-feira, já provocou reação no mundo político alemão.
Após a divulgação, o Ministro da Justiça da Alemanha, o liberal Marco Buschmann, pediu que todas as medidas restritivas contra o coronavírus sejam removidas.
Observando que Drosten foi um dos cientistas mais cautelosos durante a pandemia, Buschmann tuitou: "Estamos numa situação endêmica. Como consequência política, devemos encerrar as últimas medidas de restrição contra o coronavírus".
No momento, várias medidas de restrição continuam em vigor na Alemanha, como o uso de máscaras no transporte público e em trens de longa distância.
Ainda nesta segunda-feira, o médico intensivista Christian Karagiannidis, que assim como Drosten é membro do conselho de especialistas em covid-19 da Alemanha, avaliou que a pandemia provavelmente acabará na Alemanha depois do inverno.
"Espero que a pandemia siga cada vez mais seu curso", disse Karagiannidis disse em entrevista à Redaktionsnetzwerk Deutschland (RND).
Embora uma ou duas pequenas ondas de covid-19 ainda sejam prováveis, ele acrescentou que a imunidade da população é sólida e que há significativamente menos pacientes com covid-19 em unidades de terapia intensiva.
Enquanto isso, uma onda de outras infecções respiratórias na Alemanha chegou a um ponto de inflexão, disse Karagiannidis.
"Atualmente sabemos que a fortíssima onda de infecções acaba de atingir seu pico e esperamos que o número de infecções diminua nos próximos dias", disse Karagiannidis ao RND.
Já há sinais de leve declínio de infecções por Vírus sincicial respiratório (VSR) e outras doenças infecciosas, observou. Em seu relatório semanal antes do Natal, o Instituto Robert Koch apontou que, na Alemanha, outros patógenos, como o vírus da gripe, e o VSR, que desencadeiam infecções respiratórias, agora são dominantes entre as doenças infecciosas.
No entanto, Karagiannidis alertou para possíveis gargalos em alguns hospitais regionais na véspera de Ano Novo e no dia de Ano Novo. Por esta razão, ele exortou as pessoas a não soltarem fogos de artifício na véspera de Ano Novo, devido ao risco de lesões.
jps (dpa, ots)
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