Jornais europeus dão destaque a atos golpistas em Brasília



08/01/2023 19h58

Invasão das sedes dos Três Poderes por bolsonaristas "antidemocráticos" é manchete de grandes portais da Europa, que traçam paralelos com ataque ao Capitólio e ressaltam que Bolsonaro não reconheceu vitória de Lula.The Guardian, Reino Unido – Apoiadores de Jair Bolsonaro invadem o palácio presidencial e a Suprema Corte do Brasil

Centenas de apoiadores hardcore do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, invadiram o Congresso, o palácio presidencial e a Suprema Corte do país em uma falha de segurança impressionante que foi imediatamente comparada à invasão do Capitólio dos EUA por seguidores de Donald Trump em 6 de janeiro de 2021.

Imagens de vídeo chocantes mostraram militantes pró-Bolsonaro subindo a rampa até o Palácio do Planalto, os escritórios presidenciais, percorrendo os corredores do edifício e vandalizando a Suprema Corte, cujas janelas haviam sido quebradas.

Observadores passaram meses alertando que radicais bolsonaristas poderiam protagonizar uma versão sul-americana da invasão do Capitólio dos EUA, na esperança de reverter a vitória de Lula. Durante sua tumultuada administração de quatro anos, Bolsonaro insinuou repetidamente que uma tomada do poder pelos militares poderia estar sendo preparada e tentou minar o sistema de votação eletrônica do Brasil, respeitado internacionalmente.

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército de extrema direita cujo principal aliado internacional era Donald Trump, voou para fora do Brasil na véspera da posse de Lula e está atualmente na Flórida.

Bolsonaro ficou quase completamente em silêncio após a vitória de Lula, com muitos interpretando isso como uma aprovação tácita dos manifestantes antidemocráticos que vêm pedindo uma intervenção militar.

Sueddeutsche Zeitung, Alemanha – Apoiadores de Bolsonaro invadem Parlamento e prédios do governo

As cenas que se desenrolam na capital brasileira, Brasília, neste domingo – divulgadas através das redes sociais e TV locais – lembram aquelas imagens vindas de Washington há quase exatos dois anos: uma multidão enfurecida de manifestantes de direita violentos, apoiadores de um presidente derrotado nas urnas que não querem aceitar a derrota de seu ídolo e invadem o Parlamento.

Vídeos de Brasília mostram os desordeiros entrando nos corredores dos edifícios e destruindo móveis. A polícia usou spray de pimenta e bombas de efeito moral, mas não conseguiu conter a multidão.

Bolsonaro perdeu para o político de esquerda Lula da Silva no segundo turno das eleições de outubro passado e deixou o cargo na virada do ano. Ele nunca reconheceu explicitamente sua derrota. Quebrando a tradição, Bolsonaro não compareceu à posse de seu sucessor e voou para os EUA com a família. Antes de decolar, ele convocou seus apoiadores para lutar contra Lula. Os apoiadores radicais do ex-presidente também protestaram repetidamente contra a vitória de Lula após as eleições e tentaram incitar as forças armadas do país a um golpe militar.

Tagesschau, Alemanha – Apoiadores de Bolsonaro invadem o Congresso

No Brasil, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram o prédio do Congresso na capital Brasília. Eles quebraram janelas da fachada e invadiram o hall de entrada, como visto em imagens de TV. Como relatado pelas agências de notícias Reuters e AFP, eles também entraram no palácio presidencial próximo. Aparentemente, eles também invadiram a Suprema Corte.

A polícia usou gás lacrimogêneo para repelir centenas de manifestantes. Imagens nas redes sociais mostram cenas turbulentas. [...] As imagens lembraram a invasão do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.

Há uma semana, foi empossado o novo presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva. Ele está atualmente no estado de São Paulo. Bolsonaro não reconheceu a vitória de seu oponente e deixou o país. Antes de partir para a Flórida, ele se dirigiu a seus partidários e os convocou a lutar contra Lula.

O abismo entre os dois campos [políticos] na sociedade é mais profundo do que em qualquer outro momento desde o retorno do país à democracia.

El País, Espanha – Milhares de partidários de Bolsonaro invadem o Congresso, a Presidência e o Supremo do Brasil

Milhares de apoiadores radicais do ex-presidente do Brasil, o ultradireitisa Jair Bolsonaro, invadiram neste domingo as sedes do Congresso, da Presidência e da Suprema Corte em Brasília, exigindo uma intervenção militar para tirar do poder Luiz Inácio Lula da Silva, que tomou posse há exatamente uma semana. Os manifestantes golpistas chegaram ao coração do poder na capital brasileira vindos do Quartel-Geral do Exército, localizado a nove quilômetros em linha reta, onde estão acampados desde que Bolsonaro perdeu as eleições, há dois meses. Os bolsonaristas, convencidos de que as eleições lhes foram roubadas, superaram as barreiras policiais.

Os extremistas, a maioria com camisetas verde e amarelas e bandeiras brasileiras, recusam-se a aceitar a vitória de Lula nas eleições de outubro passado. O ataque em Brasília representa um sério desafio para o novo presidente, o esquerdista Lula da Silva.

Lula ordenou uma intervenção federal para assumir o controle da segurança pública em Brasília e no restante do Distrito Federal até 31 de janeiro. O objetivo é restaurar a ordem, "seriamente comprometida por atos de violência e invasão de edifícios públicos". [...] O presidente advertiu que os "vândalos fascistas" que atacaram a sede dos três Poderes e seus financiadores "serão identificados e punidos".

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram os invasores no Congresso destruindo móveis e quebrando vidros nos edifícios modernistas projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer. As imagens lembram poderosamente as cenas vistas durante a invasão do Capitólio em Washington pelos partidários do derrotado Donald Trump, em 6 de janeiro de 2021.

O que aconteceu neste domingo em Brasília é o momento que democratas brasileiros temiam há meses porque o agora ex-presidente Bolsonaro vinha mantendo um discurso de ataque sistemático contra o sistema de votação e as autoridades eleitorais de tal forma que ambos estão notavelmente desacreditados aos olhos de seus partidários.

Público, Portugal - Apoiantes de Bolsonaro invadem área do Congresso em Brasília

Manifestantes bolsonaristas com pedidos antidemocráticos entraram na Esplanada dos Ministérios na tarde deste domingo e invadiram uma área do Congresso Nacional.

O confronto começou quando um grupo de centenas de pessoas, vindas do Quartel-General do Exército, chegou à Esplanada e se concentrou em frente ao Ministério da Justiça e um grupo invadiu a parte superior do Congresso.

Após a invasão, os manifestantes avançaram para a Praça dos Três Poderes, onde houve confrontos. Em reação às bombas lançadas pela polícia, os manifestantes soltaram fogos-de-artifício. No confronto, atiraram grades de ferro e outros objetos contra os policiais, que acabaram com viaturas danificadas.

O governo Lula da Silva prometeu desmobilizar os acampamentos montados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. Na última quarta-feira, o ministro da Justiça, Flávio Dino, garantiu que "até sexta-feira", 6 de janeiro, as mobilizações antidemocráticas seriam resolvidas.

No entanto, o que se viu foi o oposto. Além de não ter conseguido expulsar os manifestantes, o governo teve que acionar a Força Nacional para reforçar a segurança da Esplanada dos Ministérios.

Corriere della sera, Itália – Apoiadores de Bolsonaro invadem o Parlamento

Haviam anunciado e finalmente o fizeram. Os seguidores de Jair Bolsonaro, o ex-presidente brasileiro de extrema direita derrotado por Lula, após dias de "cerco" aos edifícios institucionais de Brasília, romperam um bloqueio das forças de segurança, que inicialmente não reagiram para detê-los, e invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e a sede da Suprema Corte, colocando vídeos em redes sociais e realizando vários atos de vandalismo. Uma ocupação claramente inspirada pela invasão do Capitólio dos EUA por dezenas de manifestantes pró-Trump em janeiro de 2021.

Jair Bolsonaro, que está oficialmente passando suas férias nos Estados Unidos, não comentou os eventos até agora. Os bolsonaristas, portanto, não se rendem. Após bloqueios com caminhões e tratores que paralisaram o Brasil depois da eleição – que só foram resolvidos depois que Bolsonaro pediu de forma pouco convincente a seus partidários para liberarem as principais vias do país –, manifestações continuaram nos quartéis mesmo após a posse de Lula em 1º de janeiro.

Na quarta-feira, o recém-nomeado ministro da Justiça, Flávio Dino, e o ministro da Defesa, José Mucio, haviam se comprometido a desmobilizar os acampamentos bolsonaristas em Brasília até 6 de janeiro. [...] A tensão também prevalecia em muitas outras grandes cidades do país, de São Paulo ao Rio de Janeiro.

Le Monde, França – No Brasil, partidários de Bolsonaro invadem o Congresso e o palácio presidencial, Lula decreta uma "intervenção federal"

Uma semana após a posse do presidente Lula, críticos ainda estão planejando atrapalhar seu retorno ao poder. Centenas de apoiadores do ex-presidente de extrema direita do Brasil Jair Bolsonaro invadiram o Congresso, a Suprema Corte e o Palácio do Planalto neste domingo.

"Vamos identificá-los e todos serão punidos", advertiu Luiz Inácio Lula da Silva, de Araraquara, no estado de São Paulo. "O que estes vândalos, estes fascistas fanáticos (...) fizeram é sem precedentes na história de nosso país. Aqueles que financiaram (estas manifestações) pagarão por estes atos irresponsáveis e antidemocráticos", insistiu.

As imagens impressionantes, reminiscentes do assalto ao Capitólio nos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021, mostram uma verdadeira maré de gente entrando no Congresso.

Emmanuel Macron garantiu a Lula, no domingo, o "apoio inabalável" da França. "A vontade do povo brasileiro e das instituições democráticas deve ser respeitada", exortou no Twitter. Os ataques "constituem um desafio inaceitável ao resultado de uma eleição democrática, inequivocamente vencida em 30 de outubro pelo Sr. Luiz Inácio Lula da Silva", disse o Ministério das Relações Exteriores da França em declaração.

Nos Estados Unidos, Washington condenou "qualquer tentativa de minar a democracia".

lf (ots)

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