EUA e China trocam advertências sobre "balão espião"



19/02/2023 10h19

Incidente que abalou relações entre Pequim e Washington foi tema no primeiro encontro entre representantes dos dois países após o episódio.O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se reuniu neste sábado (18/07) pela primeira vez com o representante máximo da diplomacia da China, Wang Yi, desde o incidente envolvendo um balão chinês supostamente espião que foi abatido por militares americanos. O raro encontro foi marcado por trocas de alertas.

Durante a reunião, que ocorreu no âmbito da Conferência de Segurança de Munique, Blinken declarou ao seu homólogo chinês que o incidente do balão "nunca mais deve acontecer", segundo o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price.

Blinken insistiu que o caso do balão chinês constituiu "um ato irresponsável". "O secretário de Estado indicou claramente que os Estados Unidos não vão tolerar qualquer violação da sua soberania e que o programa de vigilância a alta altitude da China foi exposto aos olhos do mundo", prosseguiu Price.

A tensão entre os EUA e a China aumentou depois que o governo americano derrubou no início de fevereiro um balão chinês na costa da Carolina do Sul, que, segundo Washington, faria parte de um programa de espionagem. Pequim nega as acusações e afirma que o objeto tinha apenas propósitos meteorológicos. Nos dias seguintes, três outros objetos suspeitos sobrevoaram o Alasca, o Canadá e o Lago Huron, entre este país e os EUA, sendo também abatidos.

Os militares estão convencidos que o balão abatido na Carolina do Sul era um dirigível de vigilância operado pela China, No caso de os três outros objetos voadores, contudo Washington admitiu serem provavelmente balões de propriedade civil.

Alerta chinês

Já Wang pediu aos Estados Unidos que "reconhecem e reparem os danos causados que o uso excessivo da força causou nas relações bilaterais". O diplomata chinês alertou ainda Washigton para uma escalada em relação ao incidente, afirmando que, neste caso, os EUA iriam "sofrer as consequências".

Antes do encontro, Wang classificou como "absurda e histérica" a decisão americana de abater o balão: "Isso é 100% abuso de força, é uma violação das regras internacionais", comentou. "Estas ações não demonstram que os EUA são grandes e fortes, mas indicam exatamente o contrário", disse.

O incidente do balão levou Blinken a adiar à última hora uma viagem para Pequim prevista para o início de fevereiro e abalou as relações entre as duas grandes potências rivais.

Guerra na Ucrânia

A guerra na Ucrânia também foi tema do encontro entre os representantes dos EUA e da China, que durou cerca de uma hora. Blinken também advertiu Wang sobre as "implicações e consequências" para Pequim caso seja confirmado que o país concede "apoio material" à Rússia.

"Em relação à guerra brutal conduzida pela Rússia na Ucrânia, o secretário alertou contra as implicações e consequências para a China caso forneça um apoio material à Rússia ou a ajude a contornar as sanções" impostas a Moscou pelo Ocidente, destacou o porta-voz americano.

Blinken também fez questão de reiterar a Wang que os Estados Unidos não procuram um "conflito" com a China, nem uma "nova guerra fria", e que Washington pretende manter linhas de comunicação abertas com Pequim, apesar das suas divergências.

cn (Lusa, Reuters, Efe)

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