Para isso, a equipe da Universidade de Helsinque e de outras instituições europeias analisou mais de 200 esqueletos humanos que estavam em coleções de museus na Bulgária, Polônia, Romênia, Hungria e República Tcheca.
Publicado na revista especializada Science Advances, o estudo afirma que encontrou sinais nos esqueletos do que os pesquisadores chamaram de "síndrome de equitação". Ela é reconhecida em seis marcadores que indicam que a pessoa andava de cavalo regularmente, incluindo marcas de desgaste na cavidade dos quadris, fêmur, pélvis, além da degeneração vertebral induzida pelo estresse.
"Ao sentar no cavalo, é necessário se equilibrar a cada passo da montaria e se agarrar firmemente com as pernas", afirmou Martin Trautmann, pesquisador da Universidade de Helsinque. Ele acrescentou que os primeiros cavaleiros provavelmente cavalgam sem sela e se agarravam na crina do animal.
"Nossas descobertas fornecem um forte argumento que indica que andar a cavalo já era uma atividade comum para alguns indivíduos da cultura Yamna por volta de 3.000 a.C.", destaca o estudo.
Passo decisivo para desenvolvimento humano
O arqueólogo Volker Heyd, da Universidade de Helsinque, ressaltou que a descoberta "se encaixa muito bem no quadro geral" da cultura Yamna, da Idade do Bronze, conhecida por seus túmulos, ou Kurganes, e originária da estepe pôntica, onde hoje fica a Ucrânia e o oeste da Rússia.
Os pesquisadores já suspeitavam há tempos que a cultura Yamna usava cavalos, o que explicaria a sua rápida expansão geográfica ao longo de apenas poucas gerações.
"É difícil imaginar como essa expansão teria ocorrido sem meios de transporte aperfeiçoados. O uso de cavalos para transporte foi um passo decisivo para o desenvolvimento cultural humano", afirma o estudo.
Segundo Heyd, a disseminação das línguas indo-europeias está ligada ao movimento desta cultura, que também reformulou a composição genética da Europa.
Os pesquisadores também afirmam ser improvável que a cultura Yamna fosse um povo guerreiro. "Eles eram cowboys", acrescenta Trautman.
O estudo também indica que um pequeno número de indivíduos deste grupo teria sido cavaleiro. Esses indivíduos provavelmente ajudavam a proteger o gado e as ovelhas.
Embora os cientistas já tivessem encontrado evidências de que os cavalos teriam sido domesticados entre 3.500 a.C. e 3.00 a.C., o novo estudo é o primeiro que indica a origem da equitação. Até então, só se tinha evidências visuais desta prática pouco antes de 2.000 a.C. em desenhos da terceira dinastia de Ur. Imagens e menções de passeios a cavalo em textos cuneiformes também são encontradas no período da Antiga Babilônia, por volta de 1.880 a.C. e 1.595 a.C..
cn (DW)
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