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Ministério da Defesa do Reino unido destaca número "extremamente alto" de incidentes, crimes e mortes associados ao consumo de álcool entre soldados russosInteligência britânica diz que hábito aceito como normal até durante combates estaria entre causas indiretas de baixas, assim como incompetência no manejo de armas, acidentes com veículos e hipotermia.O Ministério da Defesa do Reino Unido informou neste domingo (02/04), em seu relatório diário de inteligência sobre a guerra na Ucrânia, que o consumo de bebidas alcoólicas seria a causa de um grande número de mortes entre os soldados russos.

"Ao mesmo tempo em que a Rússia sofreu até 200 mil baixas desde o início da invasão da Ucrânia, uma minoria significativa dessas mortes ocorreram em razão de causas não associadas aos combates", diz o documento.

O Ministério destaca que um canal russo de notícias no aplicativo Telegram relatou um número "extremamente alto" de incidentes, crimes e mortes associados ao consumo de álcool entre os soldados russos.

"Entretanto, como o consumo pesado de álcool é difundido em grande parte da sociedade russa, se torna algo tacitamente aceito como parte da vida militar, mesmo durante operações de combate", diz o relatório.

Outras das principais causas de morte entre os soldados que não estão diretamente associadas aos combates são a incompetência no manejo das armas, acidentes com veículos e hipotermia. Segundo o Ministério britânico, os comandantes russos costumam identificar o consumo de álcool como sendo algo prejudicial à eficiência nos combates.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, o Ministério da Defesa do Reino Unido divulga diariamente relatórios com informações de seus serviços de inteligência sobre o conflito. Moscou denuncia os relatórios britânicos como ferramentas de desinformação.

Fracasso da ofensiva de inverno russa

Também neste domingo, o think tank Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) afirmou em relatório que a ofensiva de inverno russa na Ucrânia, deflagrada há alguns meses, fracassou em seu objetivo de consolidar a conquista das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk.

O ISW, com sede em Washington, assegura que fontes russas, ucranianas e ocidentais compartilham em grande parte dessa visão.

O relatório observou um aumento das especulações entre blogueiros militares russos sobre possíveis trocas no topo da cadeia de comando das Forças Armadas russas em razão do fracasso da ofensiva.

Segundo o ISW, o comandante do Estado-Maior russo, o general Valery Gerasimov, destacado em janeiro para liderar as tropas russas na região, não atingiu as expectativas do presidente russo, Vladimir Putin.

O instituto ressaltou que há divergências entre os comandantes russos sobre a continuidade da ofensiva em torno das cidades de Bakhmut e Avdiivka. O documento do ISW diz que os fracassos durante essas operações e as baixas entre os soldados teriam gerado uma atmosfera negativa em meio às tropas russas.

Houve, inclusive, acusações de que "alguns atores estariam tentando manter a ofensiva por motivos pessoais, ao invés de adotar uma abordagem racional sobre a questão".

Os blogueiros militares russos ultranacionalistas vêm reforçando as críticas às lideranças das Forças Armadas em Moscou, algo que, segundo o relatório, poderia influenciar nas decisões de Putin sobre possíveis mudanças no alto escalão do Exército.

rc (DPA, Reuters)