Manifestantes vão às ruas para exigir mais segurança e a renúncia de funcionários do alto escalão do governo, que acusam de leniência. Ataques deixaram 17 mortos e 21 feridos na mesma semana.Milhares de sérvios participaram de uma marcha silenciosa nesta segunda-feira (08/05) em protesto contra a reação do governo a dois ataques a tiros que deixaram um total de 17 mortos e 21 feridos na semana passada.
No primeiro dos ataques, um adolescente levou duas armas para uma escola elementar na capital Belgrado, matando oito alunos e um segurança. Menos de 48 horas depois, um homem de 21 anos matou oito pessoas numa área rural ao sul da capital.
Sob o lema "Sérvia contra a violência", a marcha em Belgrado reuniu membros de todo o espectro político do país. O protesto também reuniu manifestantes na cidade de Novi Sad, no norte do país.
Críticas a demora das autoridades
As manifestações foram convocadas por partidos de oposição que exigem a renúncia de funcionários do alto escalão do governo, entre eles o ministro do Interior, Bratislav Gasic, e o diretor da agência de segurança estatal, Aleksandar Vulin. O ministro da Educação, Branko Ruzic, renunciou no domingo, citando a "tragédia cataclísmica" causada pelo ataque a tiros na escola.
Os manifestantes também exigem o desligamento do Comitê Regulador de Mídia Eletrônica do governo no prazo de uma semana, acusando algumas emissoras de TV e tabloides de promover a violência e frequentemente receber criminosos de guerra condenados em seus programas.
"Exigimos o fim imediato da promoção da violência na mídia e no espaço público, bem como o reconhecimento da responsabilidade pela demora das autoridades competentes em fornecer uma resposta adequada [aos ataques]", disse em comunicado a organização política de esquerda Let's Not Let Belgrade Drown (Não deixemos Belgrado afundar).
Enquanto isso, o populista e centro-direitista Partido Progressista Sérvio, do presidente Aleksandar Vucic, condenou a manifestação, dizendo que a oposição estava "usando uma tragédia nacional para seu próprio interesse".
O próprio Vucic, em uma entrevista ao canal de TV pró-governo Happy, qualificou os protestos como "vergonhosos" e chamou os organizadores de "abutres".
Presidente prometeu "desarmar" a Sérvia
Vucic prometeu "desarmar" a Sérvia com um plano para reprimir a violência armada. Ele propôs novas medidas que incluem o congelamento de licenças de armas e mais exames psicológicos para proprietários de armas.
Ataques a tiros são raros na Sérvia – e a compra de uma arma de fogo requer uma licença especial no país. Mas apesar das exigências que dificultam o acesso, muitas armas ainda são remanescentes das guerras da década de 1990 e permanecem em circulação.
De acordo com o grupo de pesquisa Small Arms Survey, cerca de quatro em cada dez pessoas na Sérvia possuem uma arma de fogo, colocando o país entre os com maiores índices de posse de armas na Europa.
ip/lf (AFP, AP, Reuters)
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