Após uma contração de 0,5% nos últimos três meses de 2022, este foi o segundo trimestre consecutivo de queda do Produto Interno Bruto (PIB) alemão – caracterizando uma "recessão técnica".
A queda ocorre num momento em que a Alemanha enfrenta uma alta nos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia, que pesou sobre o orçamento de residências e empresas.
Em abril, uma estimativa preliminar do Destatis apontou que o PIB alemão havia estagnado em crescimento zero no primeiro trimestre – indicando que a Alemanha teria escapado por pouco de uma recessão.
Energia em alta impulsiona inflação
"Foram necessárias algumas revisões estatísticas, mas, no final das contas, a economia alemã realmente se comportou neste inverno da forma que já temíamos desde o verão passado", disse o economista do banco ING Carsten Brzeski em nota aos clientes. "O inverno ameno, a recuperação na atividade industrial, ajudada pela reabertura chinesa, e uma diminuição dos atritos na cadeia de suprimentos não foram suficientes para tirar a economia da zona de perigo da recessão."
O aumento do custo da energia impulsionou a inflação, que ficou em 7,2% na Alemanha em abril, apenas ligeiramente abaixo de seu pico no final de 2022.
"A persistência de grandes altas de preços continuou sendo um fardo para a economia alemã no início do ano", afirmou o Destatis em comunicado.
O impacto foi sentido principalmente pelos consumidores, que frearam gastos com itens como alimentação e vestuário, bebida, calçados e mobiliário. Eles também compraram menos carros novos, possivelmente devido à interrupção dos subsídios do governo no final de 2022.
Fracos indicadores econômicos
"A revisão negativa do índice não surpreendeu após uma série de fracos indicadores econômicos", disse Jens-Oliver Niklasch, analista do banco LBBW. "Os primeiros indicadores sugerem que as coisas continuarão fracas da mesma forma no segundo trimestre de 2023", acrescentou Niklasch.
As encomendas industriais, que antecipam a produção industrial, despencaram em março na comparação com o mesmo mês do ano passado.
A Alemanha, que dependia fortemente das importações de energia da Rússia, ficou particularmente exposta após a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado. A redução do fornecimento de gás, em particular, fez com que Berlim procurasse encontrar novas fontes de energia e preencher as reservas antes do que se previa ser um inverno rigoroso no final de 2022.
Mas o inverno se mostrou ameno na Alemanha, afastando os piores cenários – como a falta de gás, que teria devastado a economia.
md/lf (AFP, Reuters, DPA)
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