O índice, elaborado desde 1989, analisa a capacidade de os países aproveitarem a competência de seus habitantes para criar valor no longo prazo, algo que depende de infraestrutura eficiente, instituições adequadas, políticas públicas e ambiente regulatório. Quanto mais dinâmico e competitivo é o país, mais bem posicionado.
A edição de 2023 do ranking da IMD, divulgada na segunda-feira (19/06), foi elaborada com base em 336 dados econômicos e sociais, a maioria do ano passado, e na percepção de empresários entrevistados. No Brasil, a pesquisa é conduzida em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), que ouviu mais de cem executivos de diversas regiões e setores.
No topo da lista está a Dinamarca, que manteve a liderança do ano passado, seguida por Irlanda, que subiu nove posições no ranking, Suíça, Cingapura e Holanda.
Por que o Brasil está mal posicionado
Um dos fatores que faz o Brasil estar mal posicionado no ranking é a percepção dos empresários sobre a eficiência do setor privado, variável na qual o país caiu da 59ª para a 63ª colocação, segundo Carlos Arruda, professor da FDC, afirmou ao jornal Valor Econômico. É a pior posição que o Brasil já teve nesse quesito.
Outro aspecto que puxa o Brasil para baixo é a qualidade da educação, medida a partir de uma combinação de dados e da percepção de executivos sobre como os jovens chegam ao mercado de trabalho. Neste ano, o país ficou em último lugar nesse quesito no ranking.
O país também registra mau desempenho em custo de capital, legislação trabalhista, finanças públicas e burocracia para a abertura de empresas.
Por outro lado, o Brasil registrou melhoras nas áreas de infraestrutura básica, atração de investimentos internacionais e preços, sobretudo de combustíveis e alimentos.
Arruda pondera que o ambiente econômico brasileiro não é tão ruim como o da Venezuela – última no ranking – mas que a percepção negativa dos empresários sobre o próprio país, sua complexa legislação tributária e a dificuldade para fazer negócios contribuiu para a má posição do Brasil.
O professor da FDC avalia que a aprovação da reforma tributária, atualmente em debate no Congresso, poderia influenciar positivamente dados e a percepção dos executivos brasileiros e fazer o Brasil subir posições no ranking e aproximar-se do Chile, o mais competitivo da América Latina, que neste ano está na 44ª colocação.
Também contribuiu para a queda de uma posição no ranking o fato de o Kuwait, mais competitivo que o Brasil, ter entrado no levantamento neste ano.
Por que Dinamarca e Irlanda estão no topo
A Dinamarca lidera o ranking pelo segundo ano consecutivo em função da qualidade de sua educação, marcos regulatórios transparentes e incentivos à inovação, disse Arruda ao jornal Valor Econômico.
O professor da FDC pontua que ter uma alta carga tributária – no país escandinavo, de 45% do Produto Interno Bruto (PIB) – não necessariamente reduz a competitividade de um país.
A Irlanda, segunda colocada, subiu nove posições por ter conseguido atrair investimentos perdidos pelo Reino Unido após o Brexit, além de reduzir impostos, ter boa infraestrutura, contas públicas equilibradas e um bom nível de educação, combinado à sua proximidade com a União Europeia.
bl/cn (ots)
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