Qualidade da educação e percepção dos empresários sobre ambiente de negócios puxa país para baixo em estudo realizado por escola suíça. Reforma tributária poderia ter impacto positivo, diz especialista.A competitividade do Brasil caiu pelo terceiro ano consecutivo, segundo um índice elaborado por uma escola de educação executiva suíça, a IMD. O país está agora na 60ª posição de um ranking com 64 países, à frente somente de África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela.
O índice, elaborado desde 1989, analisa a capacidade de os países aproveitarem a competência de seus habitantes para criar valor no longo prazo, algo que depende de infraestrutura eficiente, instituições adequadas, políticas públicas e ambiente regulatório. Quanto mais dinâmico e competitivo é o país, mais bem posicionado.
A edição de 2023 do ranking da IMD, divulgada na segunda-feira (19/06), foi elaborada com base em 336 dados econômicos e sociais, a maioria do ano passado, e na percepção de empresários entrevistados. No Brasil, a pesquisa é conduzida em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), que ouviu mais de cem executivos de diversas regiões e setores.
No topo da lista está a Dinamarca, que manteve a liderança do ano passado, seguida por Irlanda, que subiu nove posições no ranking, Suíça, Cingapura e Holanda.
Por que o Brasil está mal posicionado
Um dos fatores que faz o Brasil estar mal posicionado no ranking é a percepção dos empresários sobre a eficiência do setor privado, variável na qual o país caiu da 59ª para a 63ª colocação, segundo Carlos Arruda, professor da FDC, afirmou ao jornal Valor Econômico. É a pior posição que o Brasil já teve nesse quesito.
Outro aspecto que puxa o Brasil para baixo é a qualidade da educação, medida a partir de uma combinação de dados e da percepção de executivos sobre como os jovens chegam ao mercado de trabalho. Neste ano, o país ficou em último lugar nesse quesito no ranking.
O país também registra mau desempenho em custo de capital, legislação trabalhista, finanças públicas e burocracia para a abertura de empresas.
Por outro lado, o Brasil registrou melhoras nas áreas de infraestrutura básica, atração de investimentos internacionais e preços, sobretudo de combustíveis e alimentos.
Arruda pondera que o ambiente econômico brasileiro não é tão ruim como o da Venezuela – última no ranking – mas que a percepção negativa dos empresários sobre o próprio país, sua complexa legislação tributária e a dificuldade para fazer negócios contribuiu para a má posição do Brasil.
O professor da FDC avalia que a aprovação da reforma tributária, atualmente em debate no Congresso, poderia influenciar positivamente dados e a percepção dos executivos brasileiros e fazer o Brasil subir posições no ranking e aproximar-se do Chile, o mais competitivo da América Latina, que neste ano está na 44ª colocação.
Também contribuiu para a queda de uma posição no ranking o fato de o Kuwait, mais competitivo que o Brasil, ter entrado no levantamento neste ano.
Por que Dinamarca e Irlanda estão no topo
A Dinamarca lidera o ranking pelo segundo ano consecutivo em função da qualidade de sua educação, marcos regulatórios transparentes e incentivos à inovação, disse Arruda ao jornal Valor Econômico.
O professor da FDC pontua que ter uma alta carga tributária – no país escandinavo, de 45% do Produto Interno Bruto (PIB) – não necessariamente reduz a competitividade de um país.
A Irlanda, segunda colocada, subiu nove posições por ter conseguido atrair investimentos perdidos pelo Reino Unido após o Brexit, além de reduzir impostos, ter boa infraestrutura, contas públicas equilibradas e um bom nível de educação, combinado à sua proximidade com a União Europeia.
bl/cn (ots)
REDES SOCIAIS