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 "Quem escolhe o caminho do mal destrói-se a si próprio", afirmou Zelenski no TwitterPresidente ucraniano afirma que seus militares "sabem o que têm de fazer" diante da vulnerabilidade do inimigo. Conselheiro de Zelenski aponta divisão na elite russa e diz que rebelião é "início de uma guerra civil".O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, interpretou os relatos de tomada da cidade russa de Rostov-on-Don pelos mercenários do Grupo Wagner como sinal da "autodestruição" da Rússia, que seria resultante da sua decisão de invadir o território ucraniano.

"Quem escolhe o caminho do mal destrói-se a si próprio", afirmou Zelenski na sua conta do Twitter neste sábado (24/06), na sua primeira declaração após o motim. "Há muito que a Rússia utiliza a propaganda para mascarar a fraqueza e a estupidez do seu governo."

O presidente ucraniano disse ainda que "a fraqueza da Rússia é evidente" e que "quanto mais tempo a Rússia mantiver as suas tropas e mercenários nas nossas terras, mais caos, dor e problemas criará para si própria".

"Envia colunas de soldados para destruir vidas noutros países e não consegue evitar que fujam e o traiam quando encontram resistência", também escreveu Zelenski em uma nota publicada no Telegram.

"Mantemos a nossa força, a nossa unidade", concluiu Zelensky na sua mensagem, reiterando: "Todos os nossos comandantes e todos os nossos soldados sabem o que têm de fazer."

"Início de guerra civil"

O conselheiro presidencial da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, afirmou que a rebelião do Grupo Wagner seria o "início de uma guerra civil" na Rússia.

"Os fatos estão se desenvolvendo conforme o cenário que discutimos ao longo do último ano", disse Podolyak. "O início da contraofensiva ucraniana finalmente desestabilizou as elites russas, agravando a divisão interna que surgiu após as perdas na Ucrânia. Hoje estamos testemunhando neste momento o início de uma guerra civil."

O que se sabe sobre a rebelião

O chefe do grupo mercenário russo Wagner, Yevgeny Prigozhin, declarou na sexta-feira insurreição armada contra o Ministério da Defesa russo, e no sábado disse que ele e suas tropas tomaram o controle cidade russa de Rostov-on-Don após cruzarem a fronteira da Ucrânia.

Em Rostov-on-Don está localizado o quartel-general russo que supervisiona os combates na Ucrânia. Prigozhin afirmou que suas forças tinham instalações militares na cidade sob seu controle, incluindo o campo de aviação. Outros vídeos postados nas mídias sociais mostraram veículos militares, incluindo tanques, nas ruas.

Prigozhin declarou que, enquanto o Wagner "não tiver o chefe do Estado-Maior russo Valery Gerasimov e o ministro da Defesa Sergey Shoigu em seu poder, seus mercenários bloquearão a cidade de Rostov-on-Don" e "avançarão em direção a Moscou".

Embora o resultado do confronto ainda seja uma incógnita, parece provável que ele prejudicará ainda mais o esforço de guerra de Moscou, já que as forças de Kiev estão testando as defesas russas nos estágios iniciais de uma contraofensiva. A disputa também pode ter repercussões para Putin e sua capacidade de manter uma frente unida.

Os serviços de segurança da Rússia responderam à declaração de rebelião armada de Prigozhin, pedindo a prisão dele. Em um sinal de como o Kremlin levou a ameaça a sério, a segurança foi reforçada em Moscou.

Putin prometeu o esmagar o que chamou de motim armado. Em um discurso televisionado, o líder russo disse que "ambições excessivas e interesses escusos levaram à traição" e chamou o motim de uma "punhalada nas costas". "É um golpe para a Rússia, para nosso povo. E nossas ações para defender a pátria contra essa ameaça serão duras."

Em reação a Putin, Prigozhin afirmou que seus homens não são traidores e não se renderão às autoridades. "No que diz respeito à traição à pátria, o presidente se enganou profundamente. Somos patriotas. Já combatemos e continuamos combatendo, e ninguém pretende se render a pedido do presidente, do Serviço de Segurança Federal (FSB) ou de quem quer que seja", disse Prigozhin em um novo áudio postado em seu canal no Telegram. O líder mercenário acrescentou que ele e os seus homens não querem que "o país continue a viver na corrupção, na mentira e na burocracia".

As forças do Grupo Wagner desempenharam um papel crucial na guerra da Rússia na Ucrânia, tendo conseguido tomar Bakhmut, a cidade que foi epicentro de algumas das batalhas mais sangrentas e longas desde o início da invasão russa na Ucrânia. Mas Prigozhin vinha repetidamente criticando a cúpula militar da Rússia, acusando-a de incompetência e de privar suas tropas de armas e munição.

bl (Lusa, ots)