Os dados, que dizem respeito ao período de 2020 a 2022, constam do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, feito por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado nesta quarta-feira (12).
Os números revelam o agravamento da crise que se abateu sobre as famílias brasileiras nos últimos anos: de 2019 a 2021, a insegurança alimentar afetava 61,3 milhões em maior ou menor grau (15,4 milhões em situação aguda); de 2014 a 2016, eram 37,6 milhões (4 milhões em situação aguda).
A proporção de brasileiros sem dinheiro para bancar uma alimentação saudável também saltou: de 19,6% em 2017 para 22,4% em 2021.
Já a fome, definida no relatório como subalimentação crônica – quando há falta persistente ou de longo prazo de uma alimentação de qualidade necessária ao bem-estar –, assola 10,1 milhões, mas registrou queda em relação ao período de 2014 a 2016, tanto em números absolutos (12,1 milhões) quanto em relação ao total da população (de 6,5% para 4,7%).
A metodologia da ONU é diferente da adotada em estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) que apontou 33 milhões de brasileiros passando fome em 2022 – pesquisa que incluiu visitas domiciliares aos entrevistados.
Situação no mundo
Segundo o relatório da ONU, o número de pessoas passando fome ao redor do globo cresceu em 122 milhões desde 2019 e totaliza, hoje, 735 milhões.
A piora é atribuída à pandemia, mas também a eventos climáticos extremos e conflitos violentos como a Guerra na Ucrânia. O cenário faz parecer mais distante a meta da organização de acabar com a fome até 2030, também porque previsões dão conta de que esse número ainda deve se manter num patamar de 600 milhões até o final desta década.
O pior quadro é na África, com uma a cada cinco pessoas passando fome, mais que o dobro da média global.
Outro problema, a insegurança alimentar afeta 2,3 bilhões, o equivalente a 29,6% da população mundial, sendo 900 milhões em situação de privação grave de comida.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a insegurança alimentar moderada ocorre quando as pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos e são forçadas a reduzir a qualidade e/ou quantidade de alimentos por falta de dinheiro ou outros recursos, mudando suas dietas. Já a insegurança alimentar grave ocorre quando falta comida e as pessoas sentem fome – situação que, no caso mais extremo, pode perdurar por um ou mais dias.
ra (ots)
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