No que consiste exatamente o programa Copernicus?
O Copernicus é um sistema de observação da Terra composto por uma frota de satélites europeus Sentinel, e instrumentos in-situ – no solo, mar e ar –que coletam dados gratuitos e disponíveis publicamente.
Muitas dessas informações são usadas para monitorar o meio ambiente, rastreando, por exemplo, o aumento do nível do mar, a poluição e a visibilidade do ar, o derretimento do gelo polar, o buraco na camada de ozônio, eventos climáticos extremos e desastres naturais.
Elas também são usadas por razões humanitárias, monitorando, entre outras coisas, o deslocamento de migrantes e refugiados. Para fins comerciais e outras finalidades, o programa permite o monitoramento de rotas de transporte marítimo, movimentos militares e de segurança, agricultura, tráfego e urbanização.
Quantos dados são publicamente disponíveis?
Ao todo, os componentes espaciais e in-situ fornecem 16 terabytes de dados todos os dias. A Agência Espacial Europeia registra que, a partir de 2023, 705 mil usuários baixaram um total de 550 petabytes de dados, uma quantidade gigantesca de imagens.
O que os satélites fazem?
O Sentinel 1 é uma constelação de dois satélites em órbita polar que usa tecnologia de radar para observar a terra e os oceanos. Eles rastreiam inundações, derramamentos de óleo, terremotos e vulcões, registram o movimento de geleiras e detectam navios. A tecnologia de radares é especialmente útil para monitorar situações ou locais onde a visão é obstruída por nuvens.
O Sentinel 2 também é composto por dois satélites, mas um deles usa imagens ópticas. Ambos rastreiam a erosão costeira, plantações, proliferação de algas, desmatamento, urbanização e, notoriamente, as colônias de pinguins.
O Sentinel 3, por sua vez, observa os oceanos e os eventos climáticos do El Niño. Ele também é capaz de medir a temperatura do solo – muito útil na previsão e monitoramento de incêndios florestais e ondas de calor – bem como ciclones e furacões.
Os Sentinel 4 e 5, que ainda não foram lançados, deverão fornecer dados atmosféricos. Enquanto isso, o precursor Sentinel-5P rastreia gases, incluindo emissões de metano, dióxido de enxofre de vulcões e poeira do deserto. Durante os lockdowns provocados pela covid-19, esse satélite rastreou a propagação do dióxido de nitrogênio, um dos principais poluentes do ar.
O Sentinel 6 usa radioaltímetros para medir variações nos níveis globais do mar. A cada dez dias, ele consegue mapear 95% dos oceanos sem gelo do planeta.
Nos próximos anos, missões de expansão vão incrementar a frota com capacidades tecnológicas complementares. Uma dessas missões é o Monitoramento Antropogênico de Dióxido de Carbono do Copernicus (CO2M, na sigla em inglês), que terá como objetivo rastrear a eficácia das medidas para descarbonizar a Europa e cumprir as metas nacionais de redução de emissões.
O que fazem os componentes in-situ do Copernicus?
O melhor uso dos satélites Sentinel é obtido quando as informações que coletam são combinadas com dados obtidos por outros instrumentos ou sensores.
O componente in-situ da rede Copernicus inclui sensores em margens de rios, torres elevadas, balões meteorológicos, aviões e embarcações no oceano, como navios, flutuadores marítimos e boias, além de drones que também coletam imagens.
Alguns são dados de referência geoespacial, capazes de fornecer informações geográficas de fundo, como mapas e fronteiras, por fim usadas para complementar, calibrar e verificar os dados de satélite e garantir um pacote completo de dados consistentes ao longo do tempo.
Mas onde está o problema?
O Copernicus visa ajudar em situações de emergência, mas eventos climáticos extremos naturais, como inundações ou deslizamentos de terra, por vezes ainda deixam a pergunta: "Por que não se previu isso antes?"
Uma das principais ambições do programa, no entanto, sempre foi o monitoramento de longo prazo da Terra e os efeitos da existência humana no planeta – e se e como a humanidade pode estar acelerando seu declínio.
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